30 abril 2022

Policias militares mortos ao terem enfrentado cangaceiros ou assassinados após capturados.

Em um tempo em que há quem, na Bahia, pense em colocar nomes de cangaceiros em praça, cabe lembrar estes nomes:

Cabeça do tenente policial militar Geminiano José dos Santos, morto e decapitado pelo bando de Lampeão..

1924

11 de outubro de 1924

tenente Joaquim Alves de Souza

1927

14 de fevereiro de 1927

soldado Paulo Sant’Anna

dezembro de 1927

inspetor Norberto Xavier Gomes

cabo desconhecido

soldado desconhecido

1928

6 de abril de 1928

3° sargento Antônio Anacleto de Oliveira

21 de agosto - Passagem de Lampeão à Bahia

21 de dezembro de 1928

3° sargento José Joaquim de Miranda

soldado Francellino Gonçalves Filho

soldado Juvenal Olavo da Silva

1929

7 de janeiro de 1929

soldado José Rodrigues da Silva

soldado Manoel Nascimento Souza

2 de fevereiro de 1929

anspeçada Francisco Estevam do Carmo

soldado Enedino Alves Ribeiro

soldado Francisco Nascimento dos Santos

soldado Lourival Ricardo da Conceição

27 de fevereiro de 1929

anspeçada desconhecido

soldado desconhecido

14 de maio de 1929

soldado Pedro Alves da Fonseca

4 de julho de 1929

cabo Antonio Militão da Silva

soldado Cecílio Benedicto Silva

soldado Leocadio Francisco Silva

soldado Manoel Luiz França

soldado Pedro Sant’Anna

20 de setembro de 1929

soldado Antonio Geraldo de Oliveira

24 de setembro de 1929

cabo João Soares da Silva

21 de outubro de 1929

soldado Olegário Correia da Silva

18 de dezembro de 1929

soldado João Felix de Souza

soldado Vitorino Baldoino Lopes

22 de dezembro de 1929

anspeçada Justino Nonato da Silva

soldado Antonio José da Silva

soldado Arestides Gabriel de Souza

soldado Ignacio Oliveira

soldado José Antonio Nascimento

soldado Olympio Bispo de Oliveira

soldado Pedro Antonio da Silva

1930

29 de março de 1930

soldado Calixto Eleutério

1 de agosto de 1930

2° tenente Geminiano José dos Santos

2° sargento José de Miranda Mattos

soldado Argemiro Francisco dos Reis

soldado Arnaldo Claudio de Souza

1931

30 de janeiro de 1931

soldado desconhecido

3 de fevereiro de 1931

soldado desconhecido

soldado desconhecido

5 de fevereiro de 1931

soldado desconhecido

24 de abril de 1931

2° sargento Leomelino Rocha

soldado Carlos Elias dos Santos

soldado Francisco dos Santos

soldado José Carlos de Souza

soldado José Gonçalves do Amarante

soldado Pedro Celestino Soares

soldado Saul Ferreira da Silva

9 de maio de 1931

soldado desconhecido

soldado desconhecido

soldado desconhecido

junho de 1931

soldado Antonio José da Silva

28 de agosto de 1931

soldado Francisco Cyriaco Sant'Anna

1932

2 de fevereiro de 1932

soldado Bôaventura Manoel da Silva

1933

20 de julho de 1933

cabo Pedro Luiz de Farias

soldado Antonio Fernandes de Lima

7 de setembro de 1933

soldado José Fernandes

soldado Manoel Bellarmino de Macedo

2 de outubro de 1933

soldado Pedro Emygdio de Oliveira

1934

22 de abril de 1934

soldado João Pereira de Souza

1939

23 de maio de 1939

soldado desconhecido

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27 abril 2022

AOS DEFENSORES DA VERDADE HISTÓRICA

 



 Venho a público agradecer a todos quantos assinaram o manifesto que tem por título "AO HONRADO POVO DA A BAHIA".

O referido documento, assinado por estudiosos do Cangaço das mais diversas profissões e estados, teve por objetivo protestar contra o projeto de lei que daria o nome de Corisco e Dadá à praça a ser instalada no município de Barra do Mendes, estado da Bahia.

Em seu bojo, o manifesto  demonstrou que tal homenagem seria um acinte aos sertanejos trabalhadores e honestos do município, uma vez que os homenageados foram bandidos notórios que ficaram famosos pelas práticas de crimes monstruosos e sádicos cometidos na época do Cangaço Lampião (1916-1938) que cobriram as paisagens das caatingas profundas com um rastro de sangue, luto, miséria e desgraça.

Desta forma, nossa intenção, com o manifesto, foi reavivar a memória do povo baiano, nordestino e em especial de Barra do Mendes, destacando que prestar homenagem a quem provadamente viveu e enriqueceu roubando, extorquindo, sequestrando e tocando o terror por meio de assassinatos, estupros, esquartejamentos, destruição de pequenas propriedades, torturas, perfuração de olhos, arrancamento de línguas, marcação por ferro em brasa e castrações aviltantes jamais pode ter o nome dado à praças, ruas ou estabelecimentos oficiais construídos com verbas públicas tiradas dos suados impostos do povo trabalhador.

Neste contexto, saudamos a decisão dos poderes públicos estadual e municipal em acatar nosso apelo ao redefinir o infeliz projeto, retirando a inadequada homenagem aos citados foras da lei.

Ainda nessa linha, saibam todos que os signatários deste documento estarão sempre vigilantes para denunciar e combater os devotos de marginais que insistem, através de manobras escusas, em transformar seus ídolos delinquentes em heróis com a intenção de varrer suas crueldades para baixo do tapete do esquecimento.

Por fim, Corisco e Dadá são personagens que devem ser lembrados pelo mal que causaram às populações desvalidas do Sertão.   

Quem acredita que eles foram heróis e defensores dos fracos e oprimidos que apresente uma única prova de atos revolucionários, de justiça social ou de heroísmo que essas  figuras tenham praticado em favor do pobre povo da região onde atuaram.

Tem mais: acreditamos que é perfeitamente possível implementar o  turismo sem exaltar  cangaceiros ou fazer apologia aos seus crimes .

Qualquer coisa fora disso é tripudiar sobre a memória de centenas de vítimas que padeceram entre os fogos dos bandidos e de algumas volantes arbitrárias.

Rogamos que o Cangaço nunca mais volte a atentar contra a paz do Nordeste.

E que não se confunda vilões degenerados com rebeldes que lutaram contra o sistema por causas justas !

A inversão de valores é uma deformação cultural e, muitas vezes, de caráter !

Encerro prestando reverências ao querido e honrado amigo Silvio Bulhões, filho de Corisco de Dadá, que jamais tentou encobrir a atuação criminosa de seus próprios pais !

Atenciosamente,

João Marcos Carvalho

Jornalista e Historiador

22 abril 2022

BANDIDOS, ESTÁTUAS e PRAÇAS

 



Prezados Rubens, Ana Cataldi e Luci Guimarães, que, entre outras e outros, se dedicam ao estudo sério e criterioso do Cangaço, agradeço pelo gentil convite que me fizeram para voltar a este grupo, no qual eu já havia atuado com muito prazer em época recente.

Nesse período, como participante, procurei contribuir com as informações e conhecimentos que adquiri sobre esse tema apaixonante, árduo e ao mesmo tempo espinhoso, que une e desune pesquisadores.  Ao longo dos últimos 44 anos, como jornalista e historiador profissional, tive a sorte de entrevistar ex-cangaceiros, ex-volantes, ex-coiteiros, ex-barqueiros e outros personagens que interagiram diretamente com o Cangaço Lampiônico (1916-1938), como é o caso das vítimas atingidas pela crueldade da guerra rural, emoldurada por secas cíclicas.

Nessa linha, produzi, a partir de 1998, mais de cem trabalhos sob o tema, seja em forma de reportagens, artigos, matérias, análises e documentários, publicados e veiculados por expressivos órgãos nacionais de mídia impressa, radiofônica e televisiva.

Essa bagagem me permite afirmar que nessa lida serei sempre um aprendiz, uma vez que o assunto pelo qual nos dedicamos está longe de se esgotar à medida que novos fatos ainda teimam em aflorar.

Desta forma, continuarei marchando pela vereda da investigação jornalística somada às metodologias científicas que nos fazem chegar mais próximos possível da verdade histórica.

Assim sendo, sigo na linha de frente dos que combatem, com veemência, os negacionistas, oportunistas, ignorantes, mal informados e mal intencionados que, apesar de todas as provas em sentido contrário, insistem em classificar o Cangaço  como um movimento social que se opôs ao velho coronelismo de barranco.

Nesse cenário, reitero aqui minha posição consolidada sobre a questão:

Lampião e seus cabras eram aliados dos coronéis latifundiários, que lhes forneceram proteção política, logística e armas, com as quais trucidaram centenas de sertanejos desvalidos.

Desse modo, desafio a quem defende a tese segundo a qual Lampião, Corisco e outros cangaceiros seriam heróis a apresentar uma única prova de um ato heróico, revolucionário e de justiça social praticado por essas figuras em favor do povo sertanejo.

Portanto, não me furtarei  a denunciar todos quantos ousarem tentar utilizar dinheiro público para homenagear bandidos, dando seus nomes à praças e ruas, ou erguendo estátuas e monumentos em memória de quem praticou crimes hediondos contra o povo.

Por fim, presto aqui minha reverência ao meu querido e honrado amigo Silvio Bulhões, filho de Corisco e Dadá, que jamais tentou encobrir os crimes inomináveis que seus pais cometeram durante os tenebrosos tempos do Cangaço.

Ao mesmo tempo, reverencio os sertanejos mortos, roubados e torturados por cangaceiros e membros arbitrários de determinadas volantes  naquela quadra infeliz de nossa história.

João Marcos Carvalho - Jornalista e Historiador


19 abril 2022

AO HONRADO POVO DA BAHIA

 Nós, historiadores, estudiosos, pesquisadores e escritores especializados no tema Cangaço (abaixo assinados) com atuação em vários estados brasileiros, fomos surpreendidos, neste corrente mês de abril, com a notícia segundo a qual o município de Barra do Mendes (BA), aprovou, com o apoio do governo estadual, a construção de um monumento memorial em homenagem ao bandido Corisco e sua cúmplice Dadá, a ser instalado na fazenda Pulga, de propriedade da família Pacheco, local onde o casal, ao reagir à voz de prisão da patrulha volante da Polícia Militar da Bahia, foi atingido por tiros.

Em consequência, Corisco foi mortalmente ferido, vindo a falecer na manhã do dia seguinte enquanto era transportado em caminhão para Miguel Calmon.

Dadá, atingida no pé, foi capturada. Hospitalizada, por conta de complicações do Diabetes, teve a perna amputada devido à gangrena.

Nessa linha, para quem desconhece a história dos homenageados, é fundamental recordar que Cristino Gomes da Silva Cleto (Corisco – 1907-1940), foi um dos mais notórios cangaceiros do bando de Virgulino Ferreira da Silva (Lampião), que aterrorizou o Sertão nordestino entre 1916-1938. Nesse período tenebroso da história do Nordeste, os cangaceiros cometeram centenas de assassinatos, roubos, sequestros, estupros, torturas, incêndios em fazendas de proprietários de classe média e assaltos ao comércio de pequenas cidades e povoados, levando populações inteiras à miséria absoluta.

Ainda neste contexto, erra quem pensa que os cangaceiros foram justiceiros sociais, revolucionários ou defensores dos fracos e oprimidos.

Na verdade, esses bandos compostos por degenerados ensandecidos, foram aliados dos velhos coronéis latifundiários, exploradores do povo pobre, que forneceram abrigo, logística e armas com as quais os cangaceiros trucidaram os sertanejos desvalidos que se recusaram, heroicamente, a colaborar com suas atividades criminosas.

Com relação especificamente a Corisco e Dadá, prestes a virarem nome de praça, os mais cuidadosos pesquisadores e historiadores do Cangaço, somados à imprensa nacional e internacional, registraram ao longo dos anos em seus jornais, revistas, livros, documentários e reportagens que o bandido em questão supostamente raptou Sérgia Ribeiro (Dadá – 1915-1994), quando a mesma tinha treze anos.

Seja como for, o fato é que, dois anos mais tarde, Dadá já estava totalmente adaptada à vida do crime, tornando-se comparsa de seu companheiro nos assaltos e roubos, inclusive os seguidos de morte.

Entre eles consta o brutal assassinato de Herculano Borges, ex-subdelegado da Polícia Civil baiana, ocorrido em 1931. O policial transitava pelo Sertão quando foi capturado por Corisco.

Herculano cometera o “grave erro” de ter cumprido a lei e seu dever profissional ao prender, por alguns dias, o cangaceiro em início de carreira, pego em atividades ilegais.

Por conta disso, o agente foi amarrado de cabeça para baixo numa árvore enquanto o sanguinário bandoleiro lhe tirou toda a pele com uma faca como se despelasse um animal.

Detalhe: a vítima, mesmo padecendo de dores horríveis, permaneceu viva durante todo o ato dantesco. Em seguida, teve seu corpo desmembrado vagarosamente até a morte.

Depois, Corisco, ainda não satisfeito, espetou seus restos mortais nas pontas de uma cerca, deixando-os à sanha das aves de rapina.

Após essa barbaridade, Corisco e Dadá continuaram cometendo crimes pelo Nordeste afora. No início de agosto de 1938, um massacre bárbaro assombrou o Brasil.

Com o pretexto de vingar a morte de seu mestre Lampião, que fora abatido três dias antes, juntamente com Maria Bonita e mais nove cabras pela polícia de Alagoas em Sergipe - Corisco invade a fazenda Patos, em Piranhas (AL), e trucida a família Ventura.

Marido, esposa e quatro filhos menores são decapitados vivos.

As cabeças são mandadas para o tenente João Bezerra, comandante da volante alagoana que deu cabo de Lampião.

Dias mais tarde, verificou-se que a família assassinada jamais delatou o esconderijo de Lampião, como imaginavam Corisco e Dadá.

Mesmo com a morte do Rei do Cangaço e parte de seu bando, a dupla de bandidos continuou na senda do crime.

Em 25 de maio de 1940, o casal, armado, mas despido dos trajes cangaceiros, viaja rumo à Minas Gerais juntamente com os companheiros Rio Branco e Florência.

Os quatro cangaceiros levavam junto com eles a menina Zefinha, de 10 anos, raptada no interior baiano e que servia de disfarce para enganar a polícia, já que cangaceiros em fuga não costumavam a andar com crianças.

Mas a artimanha não conseguiu ludibriar o astuto tenente José Rufino, que interceptou o pequeno bando em Barra do Mendes.

Enquanto Rio Branco e Florência conseguiram se evadir, Corisco, que reagiu a tiros, foi baleado, falecendo no dia seguinte.

Dadá ficou ferida no pé. Ferimento, que conforme já foi dito, lhe causou, posteriormente, a amputação da perna. 

Já a menina Zefinha foi devolvida sã e salva aos seus pais.

Dito isso, apelamos para que o prefeito de Barra do Mendes, Antônio Barreto de Oliveira, e o governador do Estado da Bahia, Rui Costa, encontrem uma fórmula para revogar o inapropriado decreto, uma vez que a nefasta homenagem, se concretizada, vai se constituir num verdadeiro acinte ao povo trabalhador e honesto de Barra do Mendes, além de uma escandalosa apologia ao crime!

Sangue, dor, luto e crueldade são os únicos legados que Corisco e Dadá (que não eram baianos) deixaram para o bravo povo de Barra do Mendes, que, com certeza, têm inúmeras personalidades que merecem ser homenageadas pelo muito que fizeram para o desenvolvimento da região.

João Marcos Carvalho - Jornalista e Historiador

Rubens Antonio da Silva Filho – Geólogo e Historiador, Sócio do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia

Leandro Cardoso Fernandes - médico e escritor

Israel Maria dos Santos Segundo - advogado e escritor

Luciano Antônio dos Santos - coronel PM-AL

Luci Guimarães - desenhista gráfica

Sulamita S. Buriti -  jornalista - Campina Grande (PB)

Naeliton Santos, ator e diretor de teatro - Maceió

Luis Fernando Ribeiro de Oliveira, administrador de empresa - Santos (SP)

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