06 dezembro 2013

Colorindo para tentar melhor apreender

A busca de referências que conduzam a uma melhor percepção do fenômeno do Cangaço deve ser permanente.
Um dos mecanismos que podem ser utilizados é o da "colorização" de imagens. Escapa-se, assim, ao "efeito preto e branco", que se conjuga ao "efeito amarelamento" que inundam as fotos relacionadas ao Cangaço, furtando-lhe muito do impacto.
Estas são experiências levadas adiante por mim, no sentido de resgatar algo do Real.
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Corisco

Zabelê, Maria Dórea, Azulão e Canjica, mortos no embate da Lagoa do Lino.

Jararaca aprisionado e ferido

Cabeças expostas de Maria Bonita e Lampeão.
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Como citar
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12 setembro 2013

"Zé Rufino"... Algumas referências.



José Osório Farias, o "Zé Rufino", nasceu em 20 de fevereiro de 1906, em Pernambuco.
Comandante de volante que mais liquidou cangaceiros, adentrou a Força Pública do Estado da Bahia, assentando praça em 2 de janeiro de 1934.
Passou a compor as Forças em Operações no Nordeste - FONE.
Chegou a segundo tenente em 1939.
Entre aqueles cangaceiros que eliminou, Zé Rufino destacou, em entrevista, Azulão, Barra Nova, Canjica, Catingueira, Corisco, Maria Dórea, Mariano, Meia-Noite, Pai Velho, Pavão, Sabonete, Zabelê e Zepellin.


À direita na foto acima, reformado como coronel junto a ex-integrantes de sua volante.
Abaixo, sua assinatura:


Em relação ao seu falecimento, anotação no Boletim Geral Ostensivo da Polícia Militar do Estado da Bahia:

E outra anotação no Boletim Geral Ostensivo da Polícia Militar do Estado da Bahia da solicitação de pensão por parte da sua viúva, Maria de Lourdes Vieira Farias, com citação também da sua filha, Zélia Maria de Farias:

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Como citar
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21 agosto 2013

1926 - Bahia - A primeira incursão



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14 de setembro de 1926, no “Diario da Bahia”:

LAMPEÃO INVADE A BAHIA

Communicações telegraphicas de ultima hora informam, com segurança, que o terrivel bandoleiro Lampeão atravessou o S.Francisco no logar denominado Barrinha, penetrando no municipio de Curaçá onde prendeu o coronel Joviniano e membros da familia Ribeiro, depredando e incendiando as propriedades dos que se reccusam attender ás suas criminosas exigencias de dinheiro – Telegramma do cel. Raul Coelho, Intendente de Curaçá confirma os informes acima, sollicitando providencias – Pelo 1° trem de hoje seguirá para aquella zona mais um forte contingente da força policial.
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15 de setembro de 1926, no “Diario da Bahia”:

O bandido Lampeão

continúa em territorio bahiano
A sua columna é de 180 cavallarianos

A familia sertaneja continúa seriamente ameaçada em sua tranquilidade, nos seus haveres e na sua honra, ante a perspectiva de depredações e outras possiveis praticas infames do bandido Lampeão e sua gente.
Sabe–se que o destemeroso scelerado, ora no solo bahiano e já depredando–o, com a violencia que lhe é habitual, desenvolve os seus ataques com cavallarianos em numero de 180, de modo a tomar o mais rapida possivel toda a sua acção aggressiva e fugindo para evitar qualquer movimento de contra ataque ás suas forças.
O governo do estado não cessa de tomar todas as providencias possiveis, enviando fortes contingentes policiaes, no intuito de rechassar a terrivel horda de bandoleiros.
De Joazeiro, recebemos, hontem, mais o seguinte telegramma:
JOAZEIRO, 14 – Acabo de receber o seguinte telegramma de Curaçá:
– Positivo vindo de Orocó, diz que Lampeão está ali. Minha loja foi destruida. Grupo atravessando rio. Assignado. Barreirinho.

Lampeão promette invadir Curaçá e outros portos.
Reina o pavor.
Resta confiarmos medidas urgentes do governo.
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15 de setembro de 1926, no “A Tarde”:

É O FLAGELLO DOS SERTOES DO NORTE

Lampeão atravessa a fronteira bahiana
MAS A POLICIA EM NUMEROSOS CONTINGENTES, CORRE-LHE NO ENCALÇO

Lampeão é o typo do nosso bandido nordestino, vagamente romantico e religioso até a superstição, matando e roubando com o rosario numa mão e o punhal na outra.
Em constantes razzias pelas regiões despoliciadas, constituem esses bandoleiros um flagello como são as seccas ou as enchentes, as febres epidemicas, males esses de origem commum, oriundos que são todos eles da nossa civilização defeituosa, da vagarosa e difficil penetração.
O sertanejo acceita-os todos, resignadamente, oppondo-lhes fraca resistencia, confiando na justiça e no amparo do governo, que nunca lhes falta, mas que por força da propria organisação politica, não é de molde a extirparl-os radicalmente, restabelecendo nesses rincões hostis, um regimen de ordem e continuada garantia do trabalho.
Lampeão, bandido a muitos annos, mas de celebridade recente, pode se orgulhar de um triste titulo – o de mais temido e poderoso pelo numero de capangas arregimentados, de quantos correm nos sertões do Nordeste. As suas victimas não mais numerosas que as figuras do seu bando. É esse salteador de estradas, rude e valentão, desconfiado e astuto, que dorme na campina, tendo o sellim por travesseiro, cheios de bentinhos e rezas cujo contato pensa absolver de todos os crimes – que acaba de invadir a Bahia, cahindo como uma tromba sobre as populações inermes, cujos haveres e vidas estão desgarantidos.
Immediatamente avisado, o chefe de Policia da Bahia não demorou em attender os appellos.
É claro que essas providencias por mais promptas fossem ordenadas, não evitarão os primeiros damnos, as primeiras lagrimas dos que assistem as scenas de vandalismo. Mas elles serão escorraçados como já teem sido de outros logares, até que melhor occasião se offereça para um cerco em regra, com a captura final.
A policia da Bahia, no particular, - e é justo que se diga – se moveu com uma presteza elogiavel.
O primeiro rebate veio de Santo Antonio da Gloria. Immediatammente partiram, com aquelle destino, um contingente de 100 homens, via Propriá, sob o commando do capitão Côrtes e mais dois, com menores efectivos, sob as ordens do tenente Alfredo Gomes e outro official. O governo utilizou assim novas forças, de preferencia a utilizar as do contingente do tenente-coronel Pedro, em outra missão qual a de combater os revoltosos e portanto subordinado ao commando supremo do general Mariante.
Ainda em defesa das populações ameaçadas por Lampeão, segue, hoje, um reforço de 100 homens, sob a direcção dos tenentes Hermogenes Pires e Othoniel dos Santos Lima.

UM APPELLO DESESPERADO

De Joazeiro, recebemos, hoje, mais o seguinte telegramma.
JOAZEIRO, 14 – Acabo de receber o seguinte telegramma de Curaçá:
“Positivo vindo de Orocó, diz que Lampeão está ali. Minha loja foi destruida. Grupo atravessando rio. Lampeão promette invadir Curaçá e outros pontos. Reina grande pavor. Resta confiarmos medidas urgentes do governo.” ( Do correspondente)

SANTO ANTONIO DA GLORIA JÁ ESTÁ TRANQUILLO

O sr. governador do Estado recebeu hontem esse despacho agradecendo as providencias tomadas:
“SANTO ANTONIO DA GLORIA, 14 – Em nome do commercio do povo, agradeço a Vossencia a presteza das providencias para guarnecer esta localidade, contra a imminente invasão do bandido, estabelecendo a tranquilidade. A população está satisfeita com a disciplina modelar do bravo Capitão Arthur Côrtes. Saudações. – Heron Carvalho, Intendente.”
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16 de setembro de 1926, no “Diario da Bahia”:

O famigerado bandido Lampeão

abandona o territorio bahiano

Segundo uma pequena nota hontem dada á publicidade pelos nossos dignos confrades da “A Tarde”, o sr.dr. Madureira de Pinho, Secretario de Policia e Segurança Publica, recebeu o seguinte telegramma:
“Grupo bandido Lampeão voltou Pernambuco. População calma. Saudações Manoel Jacome, delegado policia.”
Embora não saibamos do nome da localidade de onde procedeu o referido despacho, podemos affirmar que partiu da zona ameaçada pela incursão do perigoso bandoleiro.
Está de parabens o sertão bahiano, de parabens está toda Bahia.
Esse recúo de Lampeão e sua gente, figuras de grande ousadia e habituada a encarar situações difficeis, enfrentando contingentes policiaes e lutando com certo destemor, não pode ter sido determinada senão em virtude das providencias ultimamente tomadas e representadas pela remessa immediata de forças numerosas para repelir e rechassar o grupo invasor, forçando–os a contra marchas para alem das fronteiras do Estado.
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19 agosto 2013

O crânio de Gavião


Abatido o cangaceiro Gavião, em dezembro de 1929, o vaqueiro Domingos Enéas apresentou à Secretaria de Polícia, em Salvador, no início de 1930, um crânio já descarnado, indicando ser daquele que havia morto.
Se verdade, foi o primeiro crânio de cangaceiro do bando de Lampeão a chegar a Salvador.
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"Alecrim"...

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O cangaceiro "Alecrim", como aparece na imagem, vulgo de Pedro Vieira da Silva. Posto em "liberdade vigiada", em 1935, foi encaminhado para Itabuna, no sul do Estado da Bahia, junto com o cangaceiro "Bananeira", de nome Horácio Teixeira Júnior.
A sugestão é que foram aproveitados por suas habilidades de "percorrerem o mato".
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16 agosto 2013

1952... Volta-Secca livre.


Primeiro passo, quando da sua saída da penitenciária, em 1952.

Um charuto, para comemorar a liberdade.

Diante da sua residência, um casebre, com a esposa, no dia da libertação.
  
 Visita à Igreja do Senhor do Bonfim, no dia da libertação, para agradecer por esta.

Com a esposa


Para a História.
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Como citar
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14 agosto 2013

Promoção de Evaristo Carlos da Costa


Definitivamente envolvido em um dos eventos referenciais do Cangaço, ocorrido em dezembro de 1929, tendo respondido Inquérito até 1931, o então 2° sargento Evaristo Carlos da Costa somente foi promovido a 1° sargento em agosto de 1939.

11 agosto 2013

O crucifixo da Baronesa de Água Branca

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Em ouro maciço 22 quilates
Esta magnifica peça, estava à venda ate uns 8 anos atrás, aqui, em Salvador.
Foi vendido  para fora do Estado por 12 mil reais. Um comerciante deve ter levado.
Fiquei muito sentido pela perda do acervo do cangaço.
Na época não tinha recursos para adquirir o mesmo. 
Salvador era o local mais perto para as volantes revenderem os achados. E tudo vinha pela via ferroviária. Até as crianças para adoção, que valem mais do que qualquer ouro deste mundo.

Para os amantes da história
Publique-se

Dr Orlins Santana de Oliveira
Membro do Instituto Histórico da Bahia
Membro do Instituto Genealógico da Bahia
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Radiografia do crânio de "Maria Bonita"

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Prezado Rubens O crânio perfeito com leve afundamento do frontal devido ao impacto com o chão. Nota-se um degrau ósseo na superfície acima da órbita.
Os dentes...
Quando acompanhei a perícia, não tinham cáries. A arcada era completa ou é completa. Verifiquei fratura com perda do bordo incisal do segundo incisivo inferior direito.
Ela deve ter sido jogada pelo impacto de um tiro possante, pelas costas. Caindo sobre pedras do solo, ao gritar com a boca aberta. O que se comprova com a não fratura, mesmo pequena, dos incisivos da arcada superior.
O impacto da dor e com a boca aberta ao máximo.
Ela caiu de frente ao chão e sobre o lado direito.
 Deixo legado aos maravilhosos e competentes estudiosos do cangaço.

Dr Orlins Santana de Oliveira
Membro do Instituto Histórico da Bahia
Um dos responsáveis da exumação da cabeça que foi justamente entregue à família e enviada ao amado Sergipe.
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Um anel de "Maria Bonita"

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"Existem, na Bahia, algumas peças de ouro maciço que pertenceram aos cangaceiros.
Muitas delas, não todas, fruto de comércio ou saque.
Nesta imagem, um diamante de mais de 2 quilates, peça do cangaço de uso feminino, que a tradição aponta ter pertencido a Maria Bonita, tendo sido recolhido em Angicos.
O numero é pequeno Aro 14, o que indica dedo pequeno. Atualmente, estimado em 8 mil reais.
Está à venda."

Dr Orlins Santana de Oliveira
Membro do Instituto Histórico da Bahia
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01 agosto 2013

"Uma ventania... Um tropel..."

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Prezado Rubens.

Presenteio ao mundo do cangaço, êste magnífico e único momento.
Quando da exumação das cabeças para o justo envio para suas famílias, retirei um verdadeiro tesouro que foi imediatamente entregue às duas netas presentes. UM CACHO DO CABELO DE MARIA BONITA E UMA MECHA DO CABELO DE LAMPIÃO, para entregar à Expedita, a filha amada do Capitão Virgulino e sua mulher Maria Bonita. Pedi que guardasse nos pés de Nossa Senhora.
Uma forte e sufocante ventania invadiu o cemitério, em plena tarde de sol e calmaria. Após a entrega das mechas de cabelos e dois dentes inferiores do Capitão que, estavam soltos na bandeja. A ventania se foi como um tropel de cavalos. Falei com Vera, a neta. ELES VIERAM E SE FORAM FELIZES. Era a energia sentida. Mal podíamos abrir os olhos.

Para os que acreditam.

Se algum dia no futuro, os cabelos servirem para exames de envenenamento. O material está sob guarda no amado Sergipe.

Existem ainda lá 4 cabeças aguardando os entes queridos.

Dr Orlins Santana de Oliveira
Salvador Bahia
Membro da Sociedade Protetora dos Desvalidos
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31 julho 2013

Uma radiografia de Lampeão

Imagem radiográfica do crânio de Lampeão, exibindo os traumas e fraturas, resultantes das agressões durante o episódio da sua morte em Angicos.
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Imagens gentilmente cedidas por Orlins Santana
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Posição do Dr. Orlins Santana:
"Estudando minuciosamente o angulo de entrada no lado esquerdo do osso frontal do cranio, que é um osso muito compacto e maciço, se vê um túnel de 2 centímetros com angulação de saída que só poderia a vitima estar morta ou deitado sobre o ombro direito. A bala saiu pelo osso parietal direito , na parte superior, explodindo a cúpula calota craniana. Pela radiografia visualiza-se facilmente.
E ainda tem outro orifício circular de entrada no osso temporal esquerdo poucos centímetros acima do ouvido esquerdo. Provocado por arma pequena.Um revólver E está muito circular para a entrada de um craneo esfacelado, indicando quem atirou sabia que o cranio ainda não tinha recebido tiro de fuzil. O osso parietal, é muito fino e desmontado não permite furo circular., de entrada.  Com a palavra todos os peritos do Brasil. Meus 40 anos como cirurgião dentista e entendido em cranio, informo que ele usava duas proteses roachs  de ouro. Uma na arcada superior e uma grande bilateral na arcada inferior. Devem ter sido roubadas após a decapitação.
Atiraram à curta distancia em quem estava deitado dormindo ou já morto, envenenado. Eles, os soldados. não tinham tamanha coragem  para este combate de perto. O relato à mídia da morte de Lampião, na época, foi falso.  E pago com muito ouro e ameaças, ao grupo que atuou em Angicos.
Dr.Orlins Santana de Oliveira Graduado em Odontologia pela Universidade Federal da Bahia em 1972. Um dos assinantes do lado pericial da exumação.da cabeça, na catacumba em Salvador. Responsável pela retirada do crânio de Lampião , do Cemitério da Quinta dos Lázaros e entregue à família , seguindo imediatamente pelas mãos da família para Sergipe. Laudo já publicado em livro de Vera Ferreira, neta Escritora  e pesquisadora do Cangaço" .
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A visão deste blog:
O tiro com Lampeão deitado não exclui a possibilidade dele ter recebido este tiro em um segundo momento, após ter recebido algum outro primeiro.
Entretanto, torno pública a manifestação respeitável do Dr. Orlins Santana de Oliveira.
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20 julho 2013

28 de outubro de 1927, no “A Tarde”:

O COBRA PRETA
mortalmente ferido!
Tiroteio com um destacamento de policia bahiana
A policia bahiana continua activamente em perseguição ao bando do famigerado Lampeão.
Hontem, fomos informados de que havia sido morto o celebre bandido “Cobra Preta”.
Ao passar pela localidade denominada Orocó, em Pernambuco, foi visto pelo destacamento da policia bahiana que marchou logo em sua perseguição.
Travado forte tiroteio, o cangaceiro caiu baleado mortalmente.
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19 julho 2013

6 de outubro de 1928, no “Diario da Bahia”:

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Lampeão atravez dos sertões bahianos
A policia pernambucana commette depredações
O grupo do bandoleiro está reduzido a seus homens de confiança
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Desde que o famoso bandoleiro Lampeão atravessou as nossas fronteiras,  penetrante em territorio bahiano vivem ao seu encalço fortes contingentes, não só da nossa milicia, como da pernambucana, occupando villas, cidades e arraiaes, sem pôr a mão no celebre bandido, constantemente illudindo–lhes a rigorosa vigilancia.
No entanto a prisão de Virgolino está dependendo apenas de uma acção conjuncta entre as duas forças perseguidoras, o que não tem sido possivel realizar–se até hoje, devido á balburdia estabelecida entre os commandos das policias dos dous estados.
A força pernambucana, segundo informações prestadas por pessoa fidedigna, recentemente chegada da zona infestada pelos bandoleiros, não quer sujeitar–se ao commando de officiaes da policia bahiana, d’ali a desorientação que se verifica na perseguição aos criminosos, hoje reduzidos apenas a seis homens, todos cunhados, irmãos e primos de Lampeão, os quaes fizeram um pacto de, onde um morrer, morrem todos.
Em consequencia desta divergencia e falta de disciplinas, a policia pernambucana tem commetido depredações por onde passa, arrancando pela violencia aos pacatos moradores do sertão, informações a respeito da marcha dos bandoleiros.
Segundo ainda o nosso informante, Lampeão esteve a meio kilometro de Rancharia, povoado do municipio de Joazeiro, e por traz das pedras ali existentes, observou que os soldados das policias não só da Bahia, como de Pernambuco, fazendo farra dentro do arraial.
O bandoleiro e seu grupo até hoje, não praticaram nada de anormal em nosso territorio, ao contrario, teem procurado agradar o povo dos logares onde passam, dizendo não pretender fazer mal aos bahianos e, quanto á policia do nosso Estado, apenas deseja causal–a pela alpercata.
As forças perseguidoras, em numero superior a quinhentos homens, se acham distribuidas nos municipios de Monte Santo, Santo Antonio da Gloria, Uáuá, Joazeiro, Curaçá e arraia de Barro Vermelho.
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O sargento Manoel Netto, da policia de Pernambuco, tem–se tornado o terrôr de toda a zona, commettendo desatinos de toda especie.
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Emquanto isto acontece, o famoso bandido mantem–se em territorio bahiano, á vontade e fazendo uma estação de repouso, conforme tem declarado por onde passa distribuindo dinheiro ao povo, bebendo e completamente despreocupado das perseguições da soldadesca da policia.
Ainda n’um desses ultimos dias, disse o nosso informante um facto interessante: um grande destacamento de força policial marchava pela estrada de Santo Antonio da Gloria, a fim de dr caça a Lampeão, que constava achar–se nas proximidades d’aquella villa.
O bandoleiro de dentro da matta observou a passagem da tropa e depois de meia hora, seguiu–lhe na retaguarda, desviando–se, mais adeante e, do caminho seguido.
As populações sertanejas, a semelhança do que aconteceu por occasião da marcha revolucionaria de Luiz Prestes, ficando apavoradas com a approximação das legiões patrioticas, temem do mesmo modo, agora, a presença da força publica, principalmente pernambucana, que é o terrôr d’aquella zona, sob a ameaça de saques e violencias.
Tudo isso nos foi informado por pessoas insuspeitas e que regressaram d’aquella região affirmando–nos mais que Lampeão não será preso porque as forças perseguidoras apenas fazem fita, sem resultados praticos.
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18 julho 2013

Entrega de Cangaceiros - 1940



Salvo melhor juízo... Identificando:
À frente, à esquerda, Saracura (Benicio Alves dos Santos), tendo atrás sua companheira Flauzina (Flauzina Alves de Lima); A menina à frente de Saracura é Maria Eunice, filha de Flauzina com o cangaceiro “Zezé”, então já falecido.
Centro esquerda Patativa (Antonio Pedro da Silva), tendo atrás Zephinha (Josepha Maria de Jesus).
No centro atrás Deus–te–guie (Domingos Gregorio dos Santos).
Na frente, no centro, Labareda (Ângelo Roque dos Santos), tendo à direita atrás, ao lado de Deus–te– guie, e sua companheira Ozana (Anna da Conceição).
À direita, Jandaia, (Manoel Raymundo da Silva) com Josepha (Josepha Maria da Conceição) atrás, na extrema direita de pé.
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Como citar
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8 de fevereiro de 1994, no “A Tarde”:

Dadá, última musa do cangaço

Sob muitas lágrimas das duas filhas, dos três que teve com Corisco, dezenas de netos e bisnetos, todos chorando convulsivamente, e aplausos de um bom número de admiradores, que acorreram ao Jardim da Saudade, foi sepultado ontem, às 18h10min, o corpo de Sérgia Silva Chagas (Dadá), que morreu, aos 78 anos, na madrugada de ontem, no Hospital São Rafael, vitimada por um câncer generalizado, de acordo com a informação do historiador Carlos Cleber, que, em março próximo, vai relançar o livro “Dadá, a Musa do Cangaço”, da Editora Vozes.
O corpo de Dadá foi velado na capela do Jardim da Saudade, onde o capelão do cemitério, padre Afonso Gomes, celebrou missa de corpo presente. O filho Sílvio Hermano, que mora em Alagoas, não chegou  a tempo de assistir ao sepultamento de sua mãe. Entre os admiradores, estiveram no cemitério o jornalista e juiz classista Oleone Coelho Fontes, autor de um livro sobre o cangaço, e a ex–vereadora Geracina Aguiar.

AOS 13 ANOS
Nascida em Belém de São Francisco, Pernambuco, em 1915, e uma das filhas do casal Vicente R. da Silva / Maria R. S. da Silva, Dadá entrou no cangaço aos 13 anos de idade. Numa entrevista que concedeu em 1977, ela contou que Lampião chegara na sua casa, “onde fez uma baderna danada”. Na época, Dadá morava na fazenda Macucuré, entre os municípios de Glória e Paulo Afonso, no interior do estado da Bahia.
De repente, disse Dadá, Lampião chamou Corisco e, em tom de brincadeira, disse para ele: “Como é? Você não quer desmamar esta menina?” Corisco deu uma gargalhada, me pegou no colo, me colocou na sela do seu cavalo e saiu a galope. Depois, lembrou, “foram 12 anos de luta, correndo ou enfrentando a Policia por toda parte”. Sérgia, que ficou conhecida pelo apelido de Dadá, tinha, apenas 13 anos.

MUITO AMOR
Apesar da violência do contato inicial, Dadá sempre falou de Corisco com muita ternura, afirmando: “Nos amamos muito”.
Dadá que teve três filhos com Corisco (Maria do Carmo, Maria Celeste e Sílvio Hermano), todos vivos, também elogiava Lampião, dizendo que ele era um homem bom. “Um homem de palavra, que só falava uma vez e não contava vantagens. Fico triste – confessou – quando vejo escreverem coisas que Lampião nunca fez. Os livros que têm saído sobre o cangaço só apresentam – dizia Sérgia da Silva Chagas – vantagens da Polícia e coisas terríveis que nunca aconteceram.”

OUTRO MARIDO
Dadá assistiu a morte de Corisco, em 1939, numa localidade próxima ao município de Miguel Calmon, varado de balas de metralhadora, mesmo aleijado e já tendo deixado o cangaço. Ela também foi baleada, teve uma das pernas estraçalhadas e amputada posteriormente. Casou–se com um velho pintor de paredes, já falecido, com quem não teve filhos. Criou, no entanto, muitos meninos e meninas, que considerava como seus filhos. Mesmo com uma perna só, Dadá costurava muito, chegando a aposentar–se como costureira. Com sua morte, fecha–se uma das últimas páginas do cangaço no sertão nordestino.

12 janeiro 2013

Sargento Evaristo Carlos da Costa - Alguns passos de um processo


25 de janeiro de 1930, no “Diario Oficial do Estado da Bahia”:
SECRETARIA DA POLICIA
FORÇA PUBLICA
Conselho de Justiça
Havera amanhã ás 14 horas, reunião deste Conselho, para interrogatorio do 2° Sargento Evaristo Carlos da Costa e soldado João Pereira dos Santos, devendo os mesmos serem apresentados a hora acima mencionada.
(Assignado) – Cel. Americo de Almeida Pedra. – Commandante.
Confere, – Francisco Borges Vergne.
Capitão Assistente da Força.
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11 de fevereiro de 1930, no “Diario Oficial do Estado da Bahia”:
SECRETARIA DA POLICIA
FORÇA PUBLICA
Conselho de Justiça
Amanhã, ás 15 horas, haverá reunião do Conselho de Justiça Militar, para o summario do 2° sargento Evaristo Carlos da Costa e do soldado Augusto Alves Canna Brasil, que devems er apresentados na respectiva auditoria, pelas unidades a que pertencem.
(Assignado) – Cel. Americo de Almeida Pedra – Commandante
Confere – Francisco Borges Vergne
Capitão Assistente da Força
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20 de fevereiro de 1930, no “Diario Oficial do Estado da Bahia”:
SECRETARIA DA POLICIA
FORÇA PUBLICA
Conselho de Justiça
Liberd ão de Sargento
O Conselho de Justiça Militar, em sessão de hoje, resolveu, por unanimidade de votos, mandar pôr em liberdade o 2° Sargento Evaristo Carlos da Costa, afim de que possa solto perante o mesmo Conselho, responder o processo a que está submetido.
(Assignado) – Cel. Americo de Almeida Pedra – Commandante
Confere – Francisco Borges Vergne
Capitão Assistente da Força
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10 de abril de 1930, no “Diario Oficial do Estado da Bahia”:
SECRETARIA DA POLICIA
FORÇA PUBLICA
Conselho de Justiça
Amanhã, ás 15 horas, haverá reunião do Conselho de Justiça Militar para o summario do sargento Oscar Marques de Oliveira, no qual deverão ser ouvidas as testemunhas Oscar Bernardes dos Santos, Antonio Manoel de Souza e Deoclecio Baptista dos Santos, e bem assim, para apresentação dos quesitos de defesa, afim de ser expedida a precatoria, para inquirição das testemunhas do processo a que responde o sargento Evaristo Carlos da Costa.
As unidades a que pertencem os referidos praças, providenciem para que as mesmas sejam apresentadas amanhã, na respectiva Auditoria, ás horas acima indicadas.
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19 de junho de 1930, no “Diario Oficial do Estado da Bahia”:
SECRETARIA DA POLICIA
FORÇA PUBLICA
Conselho de Justiça
Depois de amanhã, ás 15 horas, haverá reunião do Conselho de Justiça Militar, para interrogatório do 2° sargento Evaristo Carlos da Costa, summario do soldado Augusto Alves Canne Brasil, inquirição das testemunhas 1° sargento Abdon Placencio de Souza e soldado Petronillo Barbosa, summario dos soldados João Semeão, José Cardozo, José Mathias dos Santos e Pedro Pereira e inquirição das testemunhas soldados José Maximo da Silva, Nestor Pereira Ramos, Linduarte Ramos Pacheco, Manoel Alves da Silva e cabo de esquadra Raul Militão da Silva, que devem ser apresentados, na respectiva Auditoria, pelas unidades a que pertencem.
(Assignado) Coronel Americo de Almeida Pedra, Commandante
Confere – Francisco Borges Vergne, Capitão Assistente da Força
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Como citar
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