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14 de setembro de 1928, no “Diario de Noticias”:
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A presença de Lampeão, na Bahia, provoca noticias dos sertões
HA ESPERANÇAS DA SUA CAPTURA, EM SANTO ANTONIO DA GLORIA
A permanencia de Lampeão e seu grupo de malfeitores nos sertões do nordeste da Bahia dá logar a que continuem vindo de lá noticias a respeito da sua incursão e dos seus assaltos á propriedade alheia, formando um ambiente de terror em toda a zona, cuja população, seriamente sobresaltada, indaga da acção das forças policiaes dos Estados que estão no encalço do temivel bandoleiro.
É, realmente, de causar especie o nenhum resultado obtido pela policia destacada em perseguição do famigerado Virgolino erreira e seus sequazes que, constituindo um pequeno grupo, conseguem burlar os cercos e os ataques daquella, transpondo fronteiras, obtendo munições, invadindo propriedades e tudo fazendo para resistir aos combates dos seus eprseguidores, que, quando muito, declaram que travaram com elles tiroteios, sem outro resultado senão a apreensão de algumas munições abandonadas pelos bandidos em fuga.
E tão longe vae o tempo em que se iniciaram as providencias para a captura dos malfeitoes, que infelizmente, é geral a descrença da sua desapparição dos sertões do nordeste.
Noticias de Santo Antonio da Gloria
Recebemos, hoje, do sr. Acelino Barbosa, commerciante probo, em Santo Antonio da Gloria, uma missiva em que este distincto sertanejo nos dá noticia de Lampeão, referindo–se aos planos da policia bahiana destacada naquella zona.
Diz–nos o missivista:
“Os srs. 1° tenente Waldemar Lopes e 2° dito José Campos de Aragão têm desenvolvido uma actividade inconfundivel, não medindo sacrificios para a repressão do grupo do famigerado Lampeão, que ora se encontra no interior deste municipio, vindo do Estado de Pernambuco, onde, con seguinto ulludir a força estacionada em Tacaratú, sob o commando do sr. 2° tenente Optato, da Força Publica do mesmo Estado, atravessou o rio S. Francisco, no logar denominado Carurú, fronteira do nosso Estado.
Assim é que, no dia 26 do mês p.p., na Serra da Gangorra, houve um tiroteio das nossas forças com o grupo, caindo ferido um dos bandidos, sendo appreendidos diversos objectos, accrescendo ficar desnorteado, perdido em densa caatinga.
Espera–se que o exito seja infallivel, cabendo dest’arte a victoria, á Bahia.
O sr. Acelino Barbosa conclue a sua carta lamentando que o sr. Petronillo Reis, o fazendeiro em cuja propriedade esteve, ha dias, Lampeão, fingindo–se de sargento da policia pernambucana, – não tivesse prendido o bandoleiro e os seus terriveis companheiros de façanhas, á falta de força e munição para fazer effectiva a captura dos homens que são o terror do nordeste.
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