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SECRETARIA DA POLICIA
Portaria
O Secretario da Policia e Segurança Publica, no uso de suas attribuições, tendo em vista o art.11 da Lei n.1897, de 2 de agosto de 1926, resolve designar o bacharel em direito João Mendes da Costa Filho, delegado de policia do termo séde da comarca de Maragogipe, para em commissão proceder o inquerito de referencia aos crimes commetidos na Villa de Queimadas, da comarca do Bomfim, por Virgolino Ferreira da Silva, vulgo “Lampeão” e outros, para onde deverá se transportar, afim de apurar as responsabilidades dos seus auctores e bem assim, de quantos prestaram auxilios para a practica desses crimes.
Secretaria da Policia e Segurança Publica, em 24 de Dezembro de 1929
Bernardino Madureira de Pinho
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Como citar
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Blog destinado à preservação da memória do Cangaço na Bahia, em todas as suas dimensões e extensões.
27 dezembro 2012
24 dezembro 2012
Despretoebranquizar o passado
Colorir fotos antigas ajuda a romper um certo imobilismo intelectual ou entraves, em relação à contemplação do passado.
Talvez a expressão nem seja "colorir o passado", mas sim "despretoebranquizá-lo"..Auxilia-nos rumo a uma percepção mais próxima dos eventos.
Aqui, algumas imagens coloridas e montadas por mim.
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Chico Pereira
Arvoredo
Jararaca
Luiz Pedro
Maria, a Basé, e Lampeão.
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21 dezembro 2012
28 de junho de 1929, no “A Tarde”: Rodovia Itiúba a Bella Vista
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28 de junho de 1929, no “A Tarde”:
28 de junho de 1929, no “A Tarde”:
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AS RODOVIAS DO NORDESTE
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ITIUBA, 26 (correspondente epistolar) – A inauguração da
rodovia entre esta villa e o arraial de Cóvas, hoje chamado de Bella Vista, foi
um acontecimento, que o municipio commemorou com enthusiasmo. O auspicioso
facto passou–se domingo, 19 do corrente. Itiuba desde cêdo apresentava aspecto
festivo. Dois caminhões e outro automoveis, enfeitados e repletos de senhoras,
senhorinhas e pessoas outras de representação social, percorriam as ruas, em
meio de grande alegria. A’s 9 horas organizou–se o prestito, que partiu da casa
de residencia do intendente, cel. Arestides Simões de Freitas.
O percurso obedeceu á melhor ordem, e foi feito em uma hora
e meia, apezar de ser de mais de trinta kilometros a extensão da estrada, que,
embora carroçavel, é bem construida e offerece as melhores condições de
segurança.
Chegou–se á Bella Vista (Cóvas) ás 10 e meia, quando, então,
o rev. Padre Pimenta, vigario da freguezia, celebrou missa, a que assistiu
enorme multidão. Finda a cerimonia religiosa, houve vibrante passeata, precedida
da musica local. Durante o trajecto espoucavam girandolas de foguetes e
ouviam–se estrepitosos vivas ao dr. Vital Soares, deputado Simões Filho e cel.
Arestides Freitas.
O regresso foi ás 15 horas, tendo a comitiva chegado, sem o
menor incidente á Itiuba, ás 16 e 45.
O cel. Arestides Freitas vem sendo muito felicitado por esse
melhoramento, que demonstra o seu interesse no administrar o municipio de
Queimadas.
A todas as festas estava presente o deputado Wenceslau
Gallo, que recebeu, durante todo o tempo de sua permanencia aqui, carinhosas e
merecidas provas de estima.
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Como citar.
19 dezembro 2012
A Força Pública da Bahia
A principal entidade militar atirada, pelo Estado da Bahia, contra os cangaceiros foi a Força Pública.
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A 1 de janeiro de 1929, no “Diario Official do Estado da Bahia”, foi listado o quantitativo do seu contingente.
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FORÇA PUBLICA
PESSOAL
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Officiaes do quadro
1 Coronel
3 Tenentes–Coroneis
4 Majores
1 Major Medico
21 Capitães
1 Auditor
3 Capitães Medicos
24 Primeiros Tenentes
2 Primeiros Tenentes Medicos
1 Primeiro Tenente Pharmaceutico
76 Segundos Tenentes
1 Segundo Tenente Cirurgião–Dentista
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Officiaes aggregados
1 Coronel
1 Tenente–Coronel
1 Major
3 Primeiros Tenentes
3 Segundos Tenentes
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Serviços especiaes
3 Internos effectivos
5 Internos extra–numerarios
2 Mechanicos
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Praças de pret
13 sargentos ajudantes
32 primeiros sargentos
3 primeiros sargentos musicos
168 segundos sargentos
4 segundos sargentos músicos
94 terceiros sargentos
3 terceiros sargentos corneteiros
363 cabos de esquadra
6 cabos corneteiros
72 anspeçadas
32 músicos de 1ª classe
44 músicos de 2ª classe
44 músicos de 3ª classe
21 soldados musicos
1879 soldados
32 corneteiros
38 tambores
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A 1 de janeiro de 1929, no “Diario Official do Estado da Bahia”, foi listado o quantitativo do seu contingente.
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FORÇA PUBLICA
PESSOAL
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Officiaes do quadro
1 Coronel
3 Tenentes–Coroneis
4 Majores
1 Major Medico
21 Capitães
1 Auditor
3 Capitães Medicos
24 Primeiros Tenentes
2 Primeiros Tenentes Medicos
1 Primeiro Tenente Pharmaceutico
76 Segundos Tenentes
1 Segundo Tenente Cirurgião–Dentista
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Officiaes aggregados
1 Coronel
1 Tenente–Coronel
1 Major
3 Primeiros Tenentes
3 Segundos Tenentes
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Serviços especiaes
3 Internos effectivos
5 Internos extra–numerarios
2 Mechanicos
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Praças de pret
13 sargentos ajudantes
32 primeiros sargentos
3 primeiros sargentos musicos
168 segundos sargentos
4 segundos sargentos músicos
94 terceiros sargentos
3 terceiros sargentos corneteiros
363 cabos de esquadra
6 cabos corneteiros
72 anspeçadas
32 músicos de 1ª classe
44 músicos de 2ª classe
44 músicos de 3ª classe
21 soldados musicos
1879 soldados
32 corneteiros
38 tambores
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Como citar.
16 dezembro 2012
Ao Chefe de Polícia de Pernambuco, em 28/08/1927
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Telegramma, em 28 de agosto de 1927.
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“As ordens que vossencia me transmittiu no telegramma do dia 15, foram pontualmente executadas, sendo continuo e prompto para cumprir as instrucções de vossencia, sem, neste particular, medir a consequencia. Conforme scientifiquei a vossencia, em telegramma da mesma data tinha incumbido o tenente Hygino de effectuar uma diligencia para captura dos bandidos José Torto, vulgo “Caneta”, e José Rosa, vulgo “Candinho”. O dito official, incansavel no cumprimento do dever e das nossas determinações, acaba de chegar a esta cidade. O resultado da empresa que fôra confiada excedeu a minha espectativa, na importancia pois, capturou os bandidos seguintes: “Caneta”, “Candinho”, João Torto e Nicodemos Cordeiro de Moraes, vulgo “Nico”, todos pronunciados por morte em Taracatú, Alagoas, conforme a exposição de vossencia, e mais Bezerra vulgo “Luiz Helena” e Manoel Luiz, vulgo “Manoel Helena”, criminosos de morte, este no municipio de Marcos; Gaudencio Sá, vulgo “Maçarico” criminoso de morte em Triumpho, afora os crimes praticados em outros municipios, o que vou syndicar, Querino Neto, criminoso de morte no municipio de Flores, sendo assim ao todo oito scelerados. É mais uma prova do interesse excessivo dos nossos auxiliares, no intuito da completa extinção do banditismo na zona sertaneja de acordo com os desejos de vossencia, O tenente Hygino informa que a na zona do Riacho do Navio não existe o menor roteiro do grupo do famigerado Lampeão. Major Theophanes Torres, de Villa Bella.
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Telegramma, em 28 de agosto de 1927.
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“As ordens que vossencia me transmittiu no telegramma do dia 15, foram pontualmente executadas, sendo continuo e prompto para cumprir as instrucções de vossencia, sem, neste particular, medir a consequencia. Conforme scientifiquei a vossencia, em telegramma da mesma data tinha incumbido o tenente Hygino de effectuar uma diligencia para captura dos bandidos José Torto, vulgo “Caneta”, e José Rosa, vulgo “Candinho”. O dito official, incansavel no cumprimento do dever e das nossas determinações, acaba de chegar a esta cidade. O resultado da empresa que fôra confiada excedeu a minha espectativa, na importancia pois, capturou os bandidos seguintes: “Caneta”, “Candinho”, João Torto e Nicodemos Cordeiro de Moraes, vulgo “Nico”, todos pronunciados por morte em Taracatú, Alagoas, conforme a exposição de vossencia, e mais Bezerra vulgo “Luiz Helena” e Manoel Luiz, vulgo “Manoel Helena”, criminosos de morte, este no municipio de Marcos; Gaudencio Sá, vulgo “Maçarico” criminoso de morte em Triumpho, afora os crimes praticados em outros municipios, o que vou syndicar, Querino Neto, criminoso de morte no municipio de Flores, sendo assim ao todo oito scelerados. É mais uma prova do interesse excessivo dos nossos auxiliares, no intuito da completa extinção do banditismo na zona sertaneja de acordo com os desejos de vossencia, O tenente Hygino informa que a na zona do Riacho do Navio não existe o menor roteiro do grupo do famigerado Lampeão. Major Theophanes Torres, de Villa Bella.
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Como citar.
Uma cantoria de cangaceiros - 1927
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Em um combate, em 1927, no Município de Flores, em Pernambuco, a cantoria dos cangaceiros foi anotada pelos policiais:
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1°
O tenente Pedro Malta
Já pedio demissão
Tá com medo do galope
Do rifle de Lampeão
Côro
Ai! mulher rendê.
Ai! mulher rendá.
Que chora por mim não fica
Soluço vae no “borná”
2°
As meninas de Villa Bella
São pobres mais tem acção,
Botam queijo e rapadura
No “borná” de Lampeão
Côro
Ai! mulher rendê.
Ai! mulher rendá.
Que chora por mim não fica
Soluço vae no “borná”
3°
Minha mãe quero dinheiro
P’ra comprar um cinturão
Para sustentar o rifle
Do valente Lampeão
Côro
Ai! mulher rendê.
Ai! mulher rendá.
Que chora por mim não fica
Soluço vae no “borná”
4°
O riacho do Navio
Já encheu e já vazou
O tenente Frederico
O diabo carregou
Côro
Ai! mulher rendê.
Ai! mulher rendá.
Que chora por mim não fica
Soluço vae no “borná”
5°
O meu rifle não engasga
No cangaço, sou doutor
Amadeu é vingativo
“Manél” Gome é corredor
Côro
Ai! mulher rendê.
Ai! mulher rendá.
Que chora por mim não fica
Soluço vae no “borná”
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Como citar.
15 dezembro 2012
Telegramma. 26 de novembro de 1926
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Villa Bella, 26
As forças alcançaram os bandoleiros no logar Morada distante daqui sete leguas.
Desde as nove horas rompeu cerrado tiroteio já havendo diversos feridos.
As 13 horas ainda continuava a luta.
Sigo urgente, conduzindo medicamentos e munições.
Assig. Theophanes Torres, capitão.
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Villa Bella, 26
As forças alcançaram os bandoleiros no logar Morada distante daqui sete leguas.
Desde as nove horas rompeu cerrado tiroteio já havendo diversos feridos.
As 13 horas ainda continuava a luta.
Sigo urgente, conduzindo medicamentos e munições.
Assig. Theophanes Torres, capitão.
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Como citar.
Telegramma à Secretaria da Policia e Segurança Publica - 15/08/1929
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Telegramma Secretaria da Policia e Segurança Publica da Bahia
De Quixabas - 68-136 - 18 de agosto de 1929
Dr. Secretario Policia - Bahia - (...) Tenho informar vossencia que Alfredo Barbosa teve em sua protecção muitos tempos os criminosos Hortencio Gomes Lima vulgo Arvoredo, Christino Gomes Lima vulgo Corisco, Faustino Gomes Lima conhecido ultimamente por Pae velho, irmãos Novatos, sendo que Hortencio acha-se armado fuzil (mauser) offerecido por Alfredo Barbosa, os demais eram merecidos tambem por sua valiosa protecção, tanto assim ultimamente Faustino, vulgo Pae Velho, achava-se homisiado fazenda Alfredo Barbosa. Foram roubados diversos animaes conduzidos para a fazenda do citado Alfredo Barbosa e alli foram vendidos por Faustino e bem assim anda grande centenas de pelles de creações furtadas e mortas pelos remettentes Curisco, Hortencio, João Ribeiro Silva, Manoel Ribeiro Silva vulgo Chileleu, Silvestre Gomes Lima, Ambrosio Gomes Lima e Manoel Gomes Lima vulgo Pé-na-meia, sendo estes tres ultimos filhos de Faustino, irmãos de Hortencio por intermedio de Pedreo Gomes Lima vulgo Judioca cujas pelles entregues a Faustino e vendidas a Pedro Borges em Bejo do Catuny tambem protector, sendo que Alfredo Barbosa sabia occorrido conforme, quando presos filhos Faustino e parentes, aqui relataram, bem assim comparsa tambem bandido Manoel Ribeiro Silva, vulgo Chilileu, conforme sciente vossencia por telegramma pt. Lembro vossencia que os irmãos Novatos foram presos primeira vez em Jaguarary a mando Capitão Arthur Cortes por ordem vossencia alli resistiram prisão, constando que Alfredo Barbosa naquella occasião requera habeas corpus em favor mesmo no Estado Pernambuco logar Boa Vista para onde tinham sido remettidos voltando mesmos a residir Jaguarary protecção Alfredo Barbosa, occasião Curisco e Hortencio achavam-se sobre protecção Alfredo Barbosa, tanto que deante denuncia Hortencio tambem preso em Joazeiro Alfredo trabalhou soltura voltando Hortencio residir fazenda seu patrão, onde varias vezes policia perseguiu-o juntamente Curisco e Faustino de tudo isso Alfredo era conhecedor. Esse Alfredo Barboza que quer defender não ser protector de bandidos muito concorreu para defender os bandidos da cadeia que hoje acham-se no grupo Lampeão. Lembro ainda vossencia que os irmãos Novatos criminosos eram reforço com toda certeza de Lampeão neste Estado e protegidos escandalosamente por Alfredo Barbosa em Jaguarary quaes ja tinham sido asseclas do grupo no Estado de Pernambuco por alcunha “os grandes” que tudo expuz a vossencia. Saudações.
(a) Tenente Waldemar Lopes Commandante Contingente
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Telegramma Secretaria da Policia e Segurança Publica da Bahia
De Quixabas - 68-136 - 18 de agosto de 1929
Dr. Secretario Policia - Bahia - (...) Tenho informar vossencia que Alfredo Barbosa teve em sua protecção muitos tempos os criminosos Hortencio Gomes Lima vulgo Arvoredo, Christino Gomes Lima vulgo Corisco, Faustino Gomes Lima conhecido ultimamente por Pae velho, irmãos Novatos, sendo que Hortencio acha-se armado fuzil (mauser) offerecido por Alfredo Barbosa, os demais eram merecidos tambem por sua valiosa protecção, tanto assim ultimamente Faustino, vulgo Pae Velho, achava-se homisiado fazenda Alfredo Barbosa. Foram roubados diversos animaes conduzidos para a fazenda do citado Alfredo Barbosa e alli foram vendidos por Faustino e bem assim anda grande centenas de pelles de creações furtadas e mortas pelos remettentes Curisco, Hortencio, João Ribeiro Silva, Manoel Ribeiro Silva vulgo Chileleu, Silvestre Gomes Lima, Ambrosio Gomes Lima e Manoel Gomes Lima vulgo Pé-na-meia, sendo estes tres ultimos filhos de Faustino, irmãos de Hortencio por intermedio de Pedreo Gomes Lima vulgo Judioca cujas pelles entregues a Faustino e vendidas a Pedro Borges em Bejo do Catuny tambem protector, sendo que Alfredo Barbosa sabia occorrido conforme, quando presos filhos Faustino e parentes, aqui relataram, bem assim comparsa tambem bandido Manoel Ribeiro Silva, vulgo Chilileu, conforme sciente vossencia por telegramma pt. Lembro vossencia que os irmãos Novatos foram presos primeira vez em Jaguarary a mando Capitão Arthur Cortes por ordem vossencia alli resistiram prisão, constando que Alfredo Barbosa naquella occasião requera habeas corpus em favor mesmo no Estado Pernambuco logar Boa Vista para onde tinham sido remettidos voltando mesmos a residir Jaguarary protecção Alfredo Barbosa, occasião Curisco e Hortencio achavam-se sobre protecção Alfredo Barbosa, tanto que deante denuncia Hortencio tambem preso em Joazeiro Alfredo trabalhou soltura voltando Hortencio residir fazenda seu patrão, onde varias vezes policia perseguiu-o juntamente Curisco e Faustino de tudo isso Alfredo era conhecedor. Esse Alfredo Barboza que quer defender não ser protector de bandidos muito concorreu para defender os bandidos da cadeia que hoje acham-se no grupo Lampeão. Lembro ainda vossencia que os irmãos Novatos criminosos eram reforço com toda certeza de Lampeão neste Estado e protegidos escandalosamente por Alfredo Barbosa em Jaguarary quaes ja tinham sido asseclas do grupo no Estado de Pernambuco por alcunha “os grandes” que tudo expuz a vossencia. Saudações.
(a) Tenente Waldemar Lopes Commandante Contingente
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Como citar.
Carta de Pão de Assucar, Alagoas, ao Presidente da República - 23 de junho de 1926
PÃO DE ASSUCAR, 23 DE JUNHO DE 1926
EXMO PRESIDENTE DA REPUBLICA, COVERNADORES DOS ESTADOS, PRESIDENTES DAS ASSOCIAÇÕES COMERCIAES:
– Os abaixo firmados, autoridades federaes e estaduaes,
commerciantes e proprietarios em Pão de Assucar, Estado de Alagoas, inspirados
pelo nobre sentimento de humanidade, irmanados no soffrimento atroz dos seus
irmãos, victimas indefezas das depredações, incendios, assassinios, violencias,
espancamentos, estupramento, praticados pelo sinistro grupo de bandoleiros,
chefiados pela féra vil e desforme por alcunha “Lampeão”, ainda espectadores
das ruinas, cicatrizes, lamentações dos orphãos deshonrados e dos que ficaram
em completa miseria, recorrem aos Governos dos Estados, ás Associações
Commerciaes e aos bandos precatorios para um justo e valioso auxilio, soccorrer
as miserias implantadas e para a restauração dos escombros do Commercio
dospovoados de Olhos, Caboclo, Serrote da Furna e Tapera, pontos cardeaes,
fadado ao campeio da horda de cannibaes.
Appellamos para a imprensa Brazileira, nossos patricios e
patricias e lançamos o nosso brado de angustia e desejo para a obtenção da
importancia de cento e cincoenta e oito contos quantia esta comprovada e
julgada por peritos idoneaos, para a restauração do commercio sinistrado, para
a expulsão da fome dos flagellados e para enxugar as lagrimas copiosas
derramadas por nossos irmãos conflagrados. Para authenticar os horrores e o
requinte de pervesidade demonstrado, é sufficiente indicar as photographias dos
escombros estampadas nas revistas do Paiz e expor o caso do assassinato do
proprietario Manoel Soares, que procurando evitar o estupramento de sua filha
que pedia soccorro, foi sangrado miseravelmente, sendo apresentado o cadaver,
em regosijo de tão bestial acção. Innumeros desatinos praticados, seria prolixo
communicar.
A commissão agradecida pelo caridoso apoio que nos
proporciona para esssa meritoria Caridade, roga encarecidamente que as
esportulas sejam enviadas directamente ao sr. presidente da Associação
Commercial de Alagoas.
Foram tomadas as providencias pelo homem de rija tempera
governador Costa Rego, que não poupou esforços em extinguir o tetrico grupo, o
que infelizmente não logrou, em face da tamanha velocidade que foram feitos os
assaltos.
Os nossos sentimentos ajoelham–se agradecidos, com uma prece
ao Creador, pelo animo que offerecem aos deshonrados de ventura.
Com estima e consideração subscrevem–se
Manoel Pastor da Veiga, Manoel Campos, Manoel Rego, Alvaro
Simas
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Como citar.
07 dezembro 2012
10 de janeiro de 1929, no “Diario Oficial do Estado” da Bahia
Diligencia, ferimentos, louv, promoção, pezames e exclusões sor por fallecimento
.Segundo telegramma do Sr. Capitão José Galdino de Souza, dirigido ao Exmo. Sr. Dr. Secretario da Policia e Segurança Publica e por essa autoridade remettido, por copia, a este Commando, dera–se no dia 7 do corrente ás 9 horas do dia, no povoado de Aboboras, municipio de Jaguarary, um encontro da força comandada pelo 2° Tenente Odonel Francisco da Silva com o grupo do bandido “Lampeão”, travando–se, ali, uma lucta de cerca de uma hora, da qual sahiram feridos o 2° Tenente Odonel Francisco da Silva, o 2° Sargento Manoel dos Santos Vieira e o soldado Octacilio José de Senna, tendo perecido na acção os soldados Manoel do Nascimento de Souza e José Rodrigues da Silva, constando haver fallecido um dos parceiros do terrivel fascinora, achando–se outros feridos.
Entre os seguintes ferimentos recebidos pelo 2° Tenente Odonel Francisco da Silva e 2° Sargento Manoel dos Santos Vieira; o primeiro, no terço inferior do braço esquerdo proximo á articulação do cotovello e olecrana, Produzido por projectil de arma de fogo, com orificios de entrada e sahida; o segundo – ferimento produzido por projectil arma de fogo, no terço medio do braço direito com fractura do humerus e com orificios de entrada e sahida.
Louvo ao 2° Tenente Odonel Francisco da Silva, ao Sargento Manoel dos Santos Vieira e ao soldado Octacilio José de Senna, por terem revelado, como ficou cabalmente provado, a comprehensão exacta dos seus deveres de mantenedoras da ordem publica bravura incontestavel que é o apanagio das classes armadas.
Na forma do art. 33 do R.F.P.E.B. promovo ao posto de cabo d’esquadra, por acto de bravura o soldado Octacilio José de Senna.
Dou pezames a esta Força, pela perda dos soldados Manoel do Nascimento de Souza e José Rodrigues, valorosos elementos que tombaram sem vida no cumprimento do dever, e determino, pelo motivo referido, as suas exclusões do estado efectivo do 3° e 1° Batalhões, respectivamente.
Ainda, de accordo com a determinação do Exmo. Sr. Dr. Secretario da Policia e Segurança Publica, promovo ao posto de cabo d’esquadra, “post–mortem”, de acordo com a Lei em vigor, os soldados Manoel Nascimento de Souza e José Rodrigues da Silva, que foram victimas do cumprimento do dever.
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Monumento no povoado de Abóbora:
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Como citar.
05 dezembro 2012
Chico Pereira
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28 de dezembro de 1927, no "A Tarde":
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Chico
Pereira
Quem
é o terrivel cangaceiro parahybano
PARAHYBA,
dezembro ( Agencia Brasileira) – Tem sempre algo interessante o estudo da
psychologia dos bandidos. Não nos propomos a fazel–o aqui, comtudo queremos
hoje destacar a personalidade extranha do cangaceiro Chico Pereira, agora em
fóco com o cerco que a policia parahybana lhe poz em Páo Ferrado, nas
proximidades da cidade de Pombal, no alto sertão.
Chico
Pereira é um admirador dos heroes do Far West americano. Usa chapéo de abas
largas, pistola á cinta, pesadas cartucheiras, lenço vermelho ao pescoço, tudo
de mistura com o muito nortista punhal e bordadas alpercatas.
Monta
admiravelmente e gosta das situações difficeis, parecendo até haver escolhido a
vida do cangaço pelo prazer dos arriscados desportos.
Pertence
a conhecida familia sertaneja. E’ um typo insinuante e galanteador, possuindo
mesmo alguma instrucção.
Ha
tres annos passados, num assomo de desmedida bravura, assaltou em pleno dia a
grande cidade de Souza, levando centenas de contos em dinheiro, joias e
mercadorias.
Passaram–se
os tempos e já ninguem se lembrava de Chico Pereira.
A
semana passada, porém, o delegado de Pombal, tenente Manoel Benicio, teve
denuncia de que o famoso campeador da caatinga estava homisiado bem perto da
cidade, no lugar Páo Ferrado, acompanhado apenas por Manoel Mendes, seu
companheiro de crimes. Era mais uma demonstração de sua doentia paixão pela
lucta.
Commandados
por aquelle official, nossos milicianos fizeram o cerco da casa onde elles se
encontravam. Ambos dormiam. Despertados pela fuzilaria reagiram logo
vigorosamente.
O
cerco foi se apertando, pouco a pouco.
Depois...
depois... os bandidos se eclypsaram...
O
delegado explica o occorrido. Infelicidade. Da policia, está claro.
Dois
soldados se encontravam proximo a uma das portas da casa assediada. Em dado
momento um delles tombou fulminado com certeira bala no coração. O outro se
manteve no arriscado posto por algum tempo. Seu fuzil (fuzil Mauser), dos mais
modernos, “mentiu fogo” e, para não ter a mesma sorte de seu companheiro, o
soldado recuou.
Chico
Pereira e seu collega de aventuras aproveitaram a opportunidade.
Assim
réza o communicado official...
Esse
Chico Pereira parece que já trabalha em fita de série...
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Como citar.
Ps... Foto de Chico Pereira colorida por Rubens Antonio.
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23 de agosto de 1927, no “O Imparcial”
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O RASTRO DE LAMPEÃO
Um depoimento vivo e palpitante do guia do terrível faccinora
As ameaças do bandido
FORTALEZA, 2 (Impacial) – Pelo Correio – A passagem de Lampeão pelo territorio cearense constitue algo de interessante e, ao mesmo tempo, impressionante. A respeito, publicou o jornal “O Ceará” uma carta do sr. José Gonçalves da Silva, que serviu de guia do terrivel faccinora, e que encarra algumas novidades. Damos a seguir o depoimento vivo e palpitante:
“Lampeão chegou á minha casa por volta das duas horas da tarde, muito vexado, para continuar a viagem dizendo que ia descansar em Pernambuco, pois desde que saiu de Parahyba, pois desde que saiu de Mossoró, em virtude de não conhecer o terreno, não havia descansado.
Disse que nunca viu força tão atrevida.
Ia muito sujo e tinha companheiros que havia um mez que não mudavam a roupa, a qual era de kaki novo, mas toda rasgada de pontas de páos.
Sobre o fogo do logar “Felicidade”, disse:
“Brigamos um bucadim, quatro horas mais ou menos, vendo a hora de me vê pegado.
Mas felizmente tinha um lado tomado pela força da Parahyba, que tomado pela força de Pernambuco, que muito bem conheço a dispuzição della.
“Arroxei séro e fugi facilmente, todo caipóra argum dus mininos
Sobre o combate de Missão Velha, disse:
“Neste fogo num dei um só tiro.
“Izaia fez a boa com nós.
“Mandou nós pra uma manga aonde demoramos oito dia, e no fim deste tempo elle mandou deixá a cumida como de custume. Mas, desta feita, uma mosca assentou na nossa ureia e os mininos arretiraram uns buracos e disseram! Os cumida travoza dus diabos!
“Eu mandei que elles deixassem a cumida, que a cuspissem e dei a cada uma uma canéca de garapa de rapadura, elles nada tiveram.
“Eu tinha cumbinado cum Izaia prá quando eu uvisse um tiro ir recebê a munição qui elle mi premetera.
“Dei o tiro e ante de ir mandei um dos mininos assubi num pau e vê o que havia.
“O rapaz assubiu e adispois mi disse: Seu capitão tão é tocando fogo é noc ercado.
“Mandei, então, que todos se apreparasse prá sahi, ainda tinha um lado du cercado ainda verde mas era um cipual medanho qui nos deu trabaião pá rompê.
“Antão me puz de parte e elles começaro a atirá e a gritá:
“Viva meu padim Cirço.
“Ah diabos! Antão, meu padim nus havia de mandá nos atacá, quando eu não faço nada cum o Ceará?!
“Izaia não soube nem envenená a cumida, purque botou veneno de mais que deu prá nós conhecê.
“Mais este Izaia me paga, inté as pédras se encontram.
“Nós vae aqui cuma uns mizeraves, mas um dia eu dou um conhecimento nesta gente.
Perguntado porque não deixava a vida de bandoleiro, respondeu:
“Quá! Não é pussive, não. Sou muito conhecido em toda a parte e não tenho aonde me escondê.
“Voiu vivendo assum inté quando Deus fôr servido.
Quando “Lampeão” com seu grupo passou para o territorio pernmbucano disse:
“Mininos, agóra, podem vadiá qui isnamos pizando no qui é nosso”.
Começaram a cantar o “Côco” e a “Mulher rendeira”.
Havia no local muita pedra. Então, Lampeão disse o seguinte: “Si tudo isso fosse bala eu matava era soldado cuma avoante na bebida”.
Deu a entender que nada tinha feito no Ceará, mas por causa de Izaias se via obrigado a fazer, e era logo.
“Lampeão” trazia quatro rifles e dois fuzis de sobrecellencia.
Alguém, por ultimo, lhe dissera:
Realmente, capitão, o senhor tem comido é fogo!
Ao que elle respondeu:”Eu nunca mi vi tão apertado cuma agora no Ceará”
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O RASTRO DE LAMPEÃO
Um depoimento vivo e palpitante do guia do terrível faccinora
As ameaças do bandido
FORTALEZA, 2 (Impacial) – Pelo Correio – A passagem de Lampeão pelo territorio cearense constitue algo de interessante e, ao mesmo tempo, impressionante. A respeito, publicou o jornal “O Ceará” uma carta do sr. José Gonçalves da Silva, que serviu de guia do terrivel faccinora, e que encarra algumas novidades. Damos a seguir o depoimento vivo e palpitante:
“Lampeão chegou á minha casa por volta das duas horas da tarde, muito vexado, para continuar a viagem dizendo que ia descansar em Pernambuco, pois desde que saiu de Parahyba, pois desde que saiu de Mossoró, em virtude de não conhecer o terreno, não havia descansado.
Disse que nunca viu força tão atrevida.
Ia muito sujo e tinha companheiros que havia um mez que não mudavam a roupa, a qual era de kaki novo, mas toda rasgada de pontas de páos.
Sobre o fogo do logar “Felicidade”, disse:
“Brigamos um bucadim, quatro horas mais ou menos, vendo a hora de me vê pegado.
Mas felizmente tinha um lado tomado pela força da Parahyba, que tomado pela força de Pernambuco, que muito bem conheço a dispuzição della.
“Arroxei séro e fugi facilmente, todo caipóra argum dus mininos
Sobre o combate de Missão Velha, disse:
“Neste fogo num dei um só tiro.
“Izaia fez a boa com nós.
“Mandou nós pra uma manga aonde demoramos oito dia, e no fim deste tempo elle mandou deixá a cumida como de custume. Mas, desta feita, uma mosca assentou na nossa ureia e os mininos arretiraram uns buracos e disseram! Os cumida travoza dus diabos!
“Eu mandei que elles deixassem a cumida, que a cuspissem e dei a cada uma uma canéca de garapa de rapadura, elles nada tiveram.
“Eu tinha cumbinado cum Izaia prá quando eu uvisse um tiro ir recebê a munição qui elle mi premetera.
“Dei o tiro e ante de ir mandei um dos mininos assubi num pau e vê o que havia.
“O rapaz assubiu e adispois mi disse: Seu capitão tão é tocando fogo é noc ercado.
“Mandei, então, que todos se apreparasse prá sahi, ainda tinha um lado du cercado ainda verde mas era um cipual medanho qui nos deu trabaião pá rompê.
“Antão me puz de parte e elles começaro a atirá e a gritá:
“Viva meu padim Cirço.
“Ah diabos! Antão, meu padim nus havia de mandá nos atacá, quando eu não faço nada cum o Ceará?!
“Izaia não soube nem envenená a cumida, purque botou veneno de mais que deu prá nós conhecê.
“Mais este Izaia me paga, inté as pédras se encontram.
“Nós vae aqui cuma uns mizeraves, mas um dia eu dou um conhecimento nesta gente.
Perguntado porque não deixava a vida de bandoleiro, respondeu:
“Quá! Não é pussive, não. Sou muito conhecido em toda a parte e não tenho aonde me escondê.
“Voiu vivendo assum inté quando Deus fôr servido.
Quando “Lampeão” com seu grupo passou para o territorio pernmbucano disse:
“Mininos, agóra, podem vadiá qui isnamos pizando no qui é nosso”.
Começaram a cantar o “Côco” e a “Mulher rendeira”.
Havia no local muita pedra. Então, Lampeão disse o seguinte: “Si tudo isso fosse bala eu matava era soldado cuma avoante na bebida”.
Deu a entender que nada tinha feito no Ceará, mas por causa de Izaias se via obrigado a fazer, e era logo.
“Lampeão” trazia quatro rifles e dois fuzis de sobrecellencia.
Alguém, por ultimo, lhe dissera:
Realmente, capitão, o senhor tem comido é fogo!
Ao que elle respondeu:”Eu nunca mi vi tão apertado cuma agora no Ceará”
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Como citar.
03 dezembro 2012
02 dezembro 2012
O mais antigo filme sobre o Cangaço
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27 de novembro de 1929, no “Diario de Noticias”:
UM “FILM” SOBRE LAMPEÃO, CONFECCIONADO NA ZONA INFESTADA PELO BANDIDO MALVADO E COVARDE
.
A CINEMATOGRAPHIA GRAVA OS CRIMES DO BANDIDO
Estamos numa epocha em que factos de tamanha sensação não podem ter a sua descripção limitada ao registro da imprensa; elles, graças á divulgarização da cinematographia, são mostrados, ao vivo, ao povo.
Em todo o mundo civilizado assim occorre, com a modernização dos novos processos de reportagem. Todo o mal que o bandoleiro faz ás nossas populações sertanejas é salientado, mediante uma reconstituição de scenas verdadeiras, honestamete feitas, nos proprios locaes onde ellas se verificam e mediante o testemunho de pessoas sabedoras dos factos. A empresa Nelli–Film, bahiana, se incumbe da organização dessa pellicula sensacional.
E’ DIFFICIL DISTINGUIR–SE QUAL O CRIME MAIS PERVERSO
O reporter soube da confecção desse “film” e tranto investigou que acabou encontrando o sr. José Nelli, chefe da empresa. Palestraram. O industrial relatou as difficuldades que teve de vencer, da deficiencia de personagens aos trabalhos de reconstituição.
– Qual o crime de maior sensação?
Fica–se na duvida. Virgolino tem cem requintes de malvadez. E não é um valente nem um heroe. Assassina covardemente, para roubar ou por mero prazer.
– Posso, porém, dissenos o sr. Nelli, dizer–lhe que a morte da mulher queimada que se avantaja a tudo. Pretendera ella envenenar Lampeão, que, desconfiado, descobriu o ardil e ordenou que, amarrada a uma arvore, della fizessem uma tocha humana. Realizou–se, assim o homicidio. No cinema, isso é de grande effeito.
A ENGUIA DA CAATINGA
– E por onde andou filmando:
– Pela zona do Rio do Peixe, Queimadas, Serrinha, etc. Apanham–se os factos “in loco”, sob o rigor da verdade.
– Que diz da acção da policia?
– Que procura atacar o grupo.
Essa caça faz–se com grandes sacrificios, porque Lampeão é como a enguia: some–se sempre na caatinga, fugindo.
– Tem reproduzido combates?
– Oh! diversos, bem como passagens curiosissimas, a que serve de moldura uma excellente natureza, prodiga em scenarios.
E claro que teremos de solicitar o auxilio da Policia. Mostrado o bandido, é indispensavel divulgar o que tem sido a acção dos seus perseguidores implacaveis.
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27 de novembro de 1929, no “Diario de Noticias”:
UM “FILM” SOBRE LAMPEÃO, CONFECCIONADO NA ZONA INFESTADA PELO BANDIDO MALVADO E COVARDE
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A CINEMATOGRAPHIA GRAVA OS CRIMES DO BANDIDO
Estamos numa epocha em que factos de tamanha sensação não podem ter a sua descripção limitada ao registro da imprensa; elles, graças á divulgarização da cinematographia, são mostrados, ao vivo, ao povo.
Em todo o mundo civilizado assim occorre, com a modernização dos novos processos de reportagem. Todo o mal que o bandoleiro faz ás nossas populações sertanejas é salientado, mediante uma reconstituição de scenas verdadeiras, honestamete feitas, nos proprios locaes onde ellas se verificam e mediante o testemunho de pessoas sabedoras dos factos. A empresa Nelli–Film, bahiana, se incumbe da organização dessa pellicula sensacional.
E’ DIFFICIL DISTINGUIR–SE QUAL O CRIME MAIS PERVERSO
O reporter soube da confecção desse “film” e tranto investigou que acabou encontrando o sr. José Nelli, chefe da empresa. Palestraram. O industrial relatou as difficuldades que teve de vencer, da deficiencia de personagens aos trabalhos de reconstituição.
– Qual o crime de maior sensação?
Fica–se na duvida. Virgolino tem cem requintes de malvadez. E não é um valente nem um heroe. Assassina covardemente, para roubar ou por mero prazer.
– Posso, porém, dissenos o sr. Nelli, dizer–lhe que a morte da mulher queimada que se avantaja a tudo. Pretendera ella envenenar Lampeão, que, desconfiado, descobriu o ardil e ordenou que, amarrada a uma arvore, della fizessem uma tocha humana. Realizou–se, assim o homicidio. No cinema, isso é de grande effeito.
A ENGUIA DA CAATINGA
– E por onde andou filmando:
– Pela zona do Rio do Peixe, Queimadas, Serrinha, etc. Apanham–se os factos “in loco”, sob o rigor da verdade.
– Que diz da acção da policia?
– Que procura atacar o grupo.
Essa caça faz–se com grandes sacrificios, porque Lampeão é como a enguia: some–se sempre na caatinga, fugindo.
– Tem reproduzido combates?
– Oh! diversos, bem como passagens curiosissimas, a que serve de moldura uma excellente natureza, prodiga em scenarios.
E claro que teremos de solicitar o auxilio da Policia. Mostrado o bandido, é indispensavel divulgar o que tem sido a acção dos seus perseguidores implacaveis.
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No clichê acima, á esquerda a filmagem e á direita uma cena de combate.
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Como citar.
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