28 agosto 2024

Da paternidade do cabo Antônio Militão da Silva, por Adelso Mota

 


O cabo Antônio Militão da Silva foi morto por Lampião, em 04/07/1929, em Brejão da Caatinga, Campo Formoso, Bahia.

Em 2021, fui questionado se Manoel Militão da Silva era  o pai dos gêmeos  Rômulo e Remo Militão da Silva. Tendo conhecimento que o cabo Militão era filho do Delegado de Morro do Chapéu, através dos livros “Morro do Chapéu”, de Jubilino Cunegundes,   “Labuta de um Sertanejo”, de Manoel Oliveira Figueiredo,  “Caminhos de Irecé”, de Jackson Rubem,  comecei a pesquisar. Haveria uma ligação contundente entre Remo e Rômulo Militao, apontando a probabilidade de serem ambos irmãos do cabo Antonio Militão da Silva.

Com auxílio da família de Militão, consegui obter o nome da mãe dos gêmeos, Simoa da Silva, e, através de recorte do jornal Correio do Sertão, que realmente Manoel Militão da Silva e Simoa da Silva eram os pais do cabo Antônio Militao da Silva.

Este militar nasceu em 18/01/1900. Remo e Rômulo Militao da Silva nasceram em 25/01/1913. A mãe Simoa da Silva,  logo após o parto destes, faleceu, aos 30 anos de idade.

Através de José Carlos Martins, obtivemos a certidão de óbito do cabo Antônio Militão da Silva.

Na certidão de óbito de Simoa da Silva aparece como declarante seu esposo Manoel Militao da Silva. Atualmente, ambos estão sepultados no cemitério de Morro do Chapéu, assim como Remo e Rômulo. Já o cabo Militão foi sepultado em Brejão da Caatinga.

Destaque-se que Simoa da Silva também surge como Simoa Clara da Silva e Simoa Vitor da Silva, sendo natural de Santa Luzia,  hoje Santaluz

Esta pesquisa só foi possível graças às netas e bisnetos de Manoel Militão da Silva e Simoa,  e Netos e Bisnetos.

Adelso Mota, Carapicuiba, 27/08/2024.







28 junho 2024

"Os bons tempos dos Tenentes Delegados" - Crônica - Rubens Esteves da Silva

"Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 06/07/1979

— Há dias tomei conhecimento da trágica morte de Arsênio de Souza, velho conhecido, dos bons tempos em que, invariavelmente, as delegacias policiais do interior baiano eram ocupadas por tenentes da Polícia Militar. Pessoa equilibrada e de uma educação aprimorada, o nosso tenente Arsênio fazia parte de uma turma de tenentes espalhada pelo Sul baiano da qual participava, dentre outros os tenentes Salomão Rhem, Alfredo Coelho e Isaías Reis, todos com passagem pela delegacia de Ilhéus, prestando segurança. e defendendo a integridade física dos componentes da população.

Pelo que soube a morte do estimado, policial foi consequência do seu cavalheirismo. Notando que uma senhora, em estado interessante, estava mal acomodada no coletivo em que viajava, cedeu seu lugar a passageira, sendo atingido pelo desastre, já que o impacto foi atingi-lo justamente na vaga pertencente, momentos antes, a passageira. Isto é o que todos nós chamamcs de destino. Porem para mim, o antigo delegado foi vítima da delicadeza que sempre o acompanhou.O Salomão Rhem também é da estirpe do seu companheiro morto. Trata-se de elemento que sempre se manteve equilibrado, raro se deixando trair pelos excessos tão naturais em autoridades policiais, dada a sua formação. De Alfredo Coelho e Izaías Reis, notava-se uma diferenca sobre os dois primeiros, devido a algumas intervenções quando no cumprimento do dever, mas eram exaltações passageiras e, de modo geral, os quatro podiam ser enquadrados no time daqueles que costumamos chamar de «boas praças».

O então Alfredo Coelho que estava como delegado especial em Belmonte corn a função de defender as autoridades constituídas presididas pelo Washington Luiz, em 1930, quando da vitória da Revolução de Outubro daquele ano, consta que foi o primeiro a usar o tradicional lenço vermelho do movimento getulista. Em Canavieiras, era voz corrente que o Almerindo Rhem foi ajudado por um sargento da polícia, na sua ascenção na Polícia Militar e que só depois de "ajudar" Salomão, deu "uma mãozinha” ao sargento que apesar de ter alguma influência na tropa, continuou, por muito tempo a “marcar passo”.

O meu contato maior foi justamente com o tenente Izaías Reis que, soube depois, pedira baixa da polícía, num ato impensado e muito trabalho, depois, para conseguir a reintegração.

Acompanhei algumas diligencias policiais, como repórter, dirigidas pessoalmente pelo Tenente lzaías. sendo a mais emocionante a do “Crime dos Carilos”. um dos mais trágicos ocorridos na década de 30. O modo humano como o delegado orientava seus subordinados para remover as vitimas, ao meu ver, resultou na recuperação ´das quatro pessoas da família do vendedor ambulante Ezequiel, deixadas pelos bandidos, como mortas. O transporte das vítimas em caminhão efetvamente não fosse bem orientado resultaria, sem dúvida, em suas mortes.

Certa vez, com um grupo de amigos, fui a uma macumba no Iguape. O camdomblé se anunciava, animadíssimo, com muita comida «adendezada» e bastante bebida, pois ia haver uma matança. A função seria num amplo quintal e lá chegando tudo estava preparado para o grande momento, à meia noite. As panelas com caruru e vatapá exalavam o tradicional cheiro do dendê. Os tabuleiros com acaçá, abará e acarajé aguçavam nosso apetite. Quase na hora aprazada para começar a festança, chega a polícia, tendo a frente o tenente Izaías que deu voz de prisão a todos.

Ao me ver, pergunta que estava fazendo e ouvindo a resposta de que estava fazendo reportagem. ele mandou que ficasse ao seu lado, o mesmo fazendo dois dos meus companheiros: Carlos Rogaciano e Osvaldo Mota.

De outra feita, fui solicitar ao Tenente Izaias que soltasse Turiba um «biribano» gazeiteiro que jogava no meu time «Guarani», pois naquele dia .o clube jogaria e o ponta esquerda havia sido preso no Alto da Conquista, como participante de um «sururu». Para dramatizar a situação disse que o detido estava na cadeia há mais de 24 horas, sem culpa formada. Izaías reagiu dizendo que não tinha nada com 24 horas.

Como não deu solução procurei o Deputado federal e chefe político Artur Lavigne. que mandou um cartão ao delegado, pedindo que me atendesse. O delegado lendo o cartão exclamou: Estes políticos...

E, mandou Manoel Alves, comandante do destacamento soltar Turibio.

02 janeiro 2024

Queimadas... um processo.

Obtido quando de pesquisa minha no Diário Oficial do Estado da Bahia.

Caso usado este material, somente peço, se houver espaço, citar este blog. 






31 outubro 2023

Anésia... das "maneiras humildes"

Imagem retificada a partir da original publicada no jornal A Tarde, 25/10/1916
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Anésia? Era Anesia de Adelaide Araújo, dita Anesia Cauassú, atualmente grafada Anésia Cauaçu. Denunciados, aprisionados, ela e seu marido, Affonso, por pouco não foram mortos. Naquele momento, pendia este aprisionado, tendo sido ela liberada, assim como sua mãe, duas jovenzinhas, provavelmente, suas irmãs, e duas menininhas, provavelmente suas sobrinhas.

Em um quadro de intensa, violenta, brutal repressão a seus parentes e aliados, de tão inofensiva, mais que poupada, era livre na própria Jequié. Assim, Anesia foi localizada acompanhada de sua filhinha de 5 anos de idade. Foi esta mulher cuja imagem surgiu no jornal baiano “A Tarde”, em 25 de outubro de 1916, acompanhada de sua descrição. “Mulher alta, delgada, olhos azuis, bons dentes, cabellos castanhos, faces encovadas, maneiras humildes”.

Entrevistada, contou, com abundantes detalhes as desventuras de sua gente, publicadas em sequência por alguns dias. Perguntada sobre ter recebido maus tratos, negou.  

Não surgiu qualquer registro jornalístico, relato policial, testemunho da época afirmando, indicando, sugerindo haver Anesia cometido qualquer crime. Porém, a imaginação de alguns fabricou, a partir de seu nome e de documentação nenhuma, uma figura fantástica. Líder de bando. Exímia no gatilho. Primeira mulher a montar cavalo de frente. Até, pasmemos, capoeirista.

Desenhos passaram a mostrar uma mulher de traços firmes, vestes coladas, no mais das vezes, sensuais, chapéus “acangaceirados”. Comprovação? Nenhuma. Documentação? Para que? Diegeses dispensam tais amarras. Somente são necessários um fantasista para criar e alguns energúmenos para desenvolver e divulgar mais uma mentira. Por mais infundada que seja sempre haverá palco e plateia. Afinal, que atratividade teria a Anesia real, de "maneuras humildes"?

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