Em um quadro de intensa, violenta, brutal repressão a seus
parentes e aliados, de tão inofensiva, mais que poupada, era livre na própria
Jequié. Assim, Anesia foi localizada acompanhada de sua filhinha de 5 anos de
idade. Foi esta mulher cuja imagem surgiu no jornal baiano “A Tarde”, em 25 de
outubro de 1916, acompanhada de sua descrição. “Mulher alta, delgada, olhos
azuis, bons dentes, cabellos castanhos, faces encovadas, maneiras humildes”.
Entrevistada, contou, com abundantes detalhes as desventuras
de sua gente, publicadas em sequência por alguns dias. Perguntada sobre ter
recebido maus tratos, negou.
Não surgiu qualquer registro jornalístico, relato policial,
testemunho da época afirmando, indicando, sugerindo haver Anesia cometido
qualquer crime. Porém, a imaginação de alguns fabricou, a partir de seu nome e
de documentação nenhuma, uma figura fantástica. Líder de bando. Exímia no
gatilho. Primeira mulher a montar cavalo de frente. Até, pasmemos, capoeirista.
Desenhos passaram a mostrar uma mulher de traços firmes,
vestes coladas, no mais das vezes, sensuais, chapéus “acangaceirados”. Comprovação?
Nenhuma. Documentação? Para que? Diegeses dispensam tais amarras. Somente são
necessários um fantasista para criar e alguns energúmenos para desenvolver e
divulgar mais uma mentira. Por mais infundada que seja sempre haverá palco e
plateia. Afinal, que atratividade teria a Anesia real, de "maneuras humildes"?
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