21 agosto 2013

1926 - Bahia - A primeira incursão



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14 de setembro de 1926, no “Diario da Bahia”:

LAMPEÃO INVADE A BAHIA

Communicações telegraphicas de ultima hora informam, com segurança, que o terrivel bandoleiro Lampeão atravessou o S.Francisco no logar denominado Barrinha, penetrando no municipio de Curaçá onde prendeu o coronel Joviniano e membros da familia Ribeiro, depredando e incendiando as propriedades dos que se reccusam attender ás suas criminosas exigencias de dinheiro – Telegramma do cel. Raul Coelho, Intendente de Curaçá confirma os informes acima, sollicitando providencias – Pelo 1° trem de hoje seguirá para aquella zona mais um forte contingente da força policial.
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15 de setembro de 1926, no “Diario da Bahia”:

O bandido Lampeão

continúa em territorio bahiano
A sua columna é de 180 cavallarianos

A familia sertaneja continúa seriamente ameaçada em sua tranquilidade, nos seus haveres e na sua honra, ante a perspectiva de depredações e outras possiveis praticas infames do bandido Lampeão e sua gente.
Sabe–se que o destemeroso scelerado, ora no solo bahiano e já depredando–o, com a violencia que lhe é habitual, desenvolve os seus ataques com cavallarianos em numero de 180, de modo a tomar o mais rapida possivel toda a sua acção aggressiva e fugindo para evitar qualquer movimento de contra ataque ás suas forças.
O governo do estado não cessa de tomar todas as providencias possiveis, enviando fortes contingentes policiaes, no intuito de rechassar a terrivel horda de bandoleiros.
De Joazeiro, recebemos, hontem, mais o seguinte telegramma:
JOAZEIRO, 14 – Acabo de receber o seguinte telegramma de Curaçá:
– Positivo vindo de Orocó, diz que Lampeão está ali. Minha loja foi destruida. Grupo atravessando rio. Assignado. Barreirinho.

Lampeão promette invadir Curaçá e outros portos.
Reina o pavor.
Resta confiarmos medidas urgentes do governo.
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15 de setembro de 1926, no “A Tarde”:

É O FLAGELLO DOS SERTOES DO NORTE

Lampeão atravessa a fronteira bahiana
MAS A POLICIA EM NUMEROSOS CONTINGENTES, CORRE-LHE NO ENCALÇO

Lampeão é o typo do nosso bandido nordestino, vagamente romantico e religioso até a superstição, matando e roubando com o rosario numa mão e o punhal na outra.
Em constantes razzias pelas regiões despoliciadas, constituem esses bandoleiros um flagello como são as seccas ou as enchentes, as febres epidemicas, males esses de origem commum, oriundos que são todos eles da nossa civilização defeituosa, da vagarosa e difficil penetração.
O sertanejo acceita-os todos, resignadamente, oppondo-lhes fraca resistencia, confiando na justiça e no amparo do governo, que nunca lhes falta, mas que por força da propria organisação politica, não é de molde a extirparl-os radicalmente, restabelecendo nesses rincões hostis, um regimen de ordem e continuada garantia do trabalho.
Lampeão, bandido a muitos annos, mas de celebridade recente, pode se orgulhar de um triste titulo – o de mais temido e poderoso pelo numero de capangas arregimentados, de quantos correm nos sertões do Nordeste. As suas victimas não mais numerosas que as figuras do seu bando. É esse salteador de estradas, rude e valentão, desconfiado e astuto, que dorme na campina, tendo o sellim por travesseiro, cheios de bentinhos e rezas cujo contato pensa absolver de todos os crimes – que acaba de invadir a Bahia, cahindo como uma tromba sobre as populações inermes, cujos haveres e vidas estão desgarantidos.
Immediatamente avisado, o chefe de Policia da Bahia não demorou em attender os appellos.
É claro que essas providencias por mais promptas fossem ordenadas, não evitarão os primeiros damnos, as primeiras lagrimas dos que assistem as scenas de vandalismo. Mas elles serão escorraçados como já teem sido de outros logares, até que melhor occasião se offereça para um cerco em regra, com a captura final.
A policia da Bahia, no particular, - e é justo que se diga – se moveu com uma presteza elogiavel.
O primeiro rebate veio de Santo Antonio da Gloria. Immediatammente partiram, com aquelle destino, um contingente de 100 homens, via Propriá, sob o commando do capitão Côrtes e mais dois, com menores efectivos, sob as ordens do tenente Alfredo Gomes e outro official. O governo utilizou assim novas forças, de preferencia a utilizar as do contingente do tenente-coronel Pedro, em outra missão qual a de combater os revoltosos e portanto subordinado ao commando supremo do general Mariante.
Ainda em defesa das populações ameaçadas por Lampeão, segue, hoje, um reforço de 100 homens, sob a direcção dos tenentes Hermogenes Pires e Othoniel dos Santos Lima.

UM APPELLO DESESPERADO

De Joazeiro, recebemos, hoje, mais o seguinte telegramma.
JOAZEIRO, 14 – Acabo de receber o seguinte telegramma de Curaçá:
“Positivo vindo de Orocó, diz que Lampeão está ali. Minha loja foi destruida. Grupo atravessando rio. Lampeão promette invadir Curaçá e outros pontos. Reina grande pavor. Resta confiarmos medidas urgentes do governo.” ( Do correspondente)

SANTO ANTONIO DA GLORIA JÁ ESTÁ TRANQUILLO

O sr. governador do Estado recebeu hontem esse despacho agradecendo as providencias tomadas:
“SANTO ANTONIO DA GLORIA, 14 – Em nome do commercio do povo, agradeço a Vossencia a presteza das providencias para guarnecer esta localidade, contra a imminente invasão do bandido, estabelecendo a tranquilidade. A população está satisfeita com a disciplina modelar do bravo Capitão Arthur Côrtes. Saudações. – Heron Carvalho, Intendente.”
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16 de setembro de 1926, no “Diario da Bahia”:

O famigerado bandido Lampeão

abandona o territorio bahiano

Segundo uma pequena nota hontem dada á publicidade pelos nossos dignos confrades da “A Tarde”, o sr.dr. Madureira de Pinho, Secretario de Policia e Segurança Publica, recebeu o seguinte telegramma:
“Grupo bandido Lampeão voltou Pernambuco. População calma. Saudações Manoel Jacome, delegado policia.”
Embora não saibamos do nome da localidade de onde procedeu o referido despacho, podemos affirmar que partiu da zona ameaçada pela incursão do perigoso bandoleiro.
Está de parabens o sertão bahiano, de parabens está toda Bahia.
Esse recúo de Lampeão e sua gente, figuras de grande ousadia e habituada a encarar situações difficeis, enfrentando contingentes policiaes e lutando com certo destemor, não pode ter sido determinada senão em virtude das providencias ultimamente tomadas e representadas pela remessa immediata de forças numerosas para repelir e rechassar o grupo invasor, forçando–os a contra marchas para alem das fronteiras do Estado.
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19 agosto 2013

O crânio de Gavião


Abatido o cangaceiro Gavião, em dezembro de 1929, o vaqueiro Domingos Enéas apresentou à Secretaria de Polícia, em Salvador, no início de 1930, um crânio já descarnado, indicando ser daquele que havia morto.
Se verdade, foi o primeiro crânio de cangaceiro do bando de Lampeão a chegar a Salvador.
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"Alecrim"...

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O cangaceiro "Alecrim", como aparece na imagem, vulgo de Pedro Vieira da Silva. Posto em "liberdade vigiada", em 1935, foi encaminhado para Itabuna, no sul do Estado da Bahia, junto com o cangaceiro "Bananeira", de nome Horácio Teixeira Júnior.
A sugestão é que foram aproveitados por suas habilidades de "percorrerem o mato".
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16 agosto 2013

1952... Volta-Secca livre.


Primeiro passo, quando da sua saída da penitenciária, em 1952.

Um charuto, para comemorar a liberdade.

Diante da sua residência, um casebre, com a esposa, no dia da libertação.
  
 Visita à Igreja do Senhor do Bonfim, no dia da libertação, para agradecer por esta.

Com a esposa


Para a História.
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14 agosto 2013

Promoção de Evaristo Carlos da Costa


Definitivamente envolvido em um dos eventos referenciais do Cangaço, ocorrido em dezembro de 1929, tendo respondido Inquérito até 1931, o então 2° sargento Evaristo Carlos da Costa somente foi promovido a 1° sargento em agosto de 1939.

11 agosto 2013

O crucifixo da Baronesa de Água Branca

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Em ouro maciço 22 quilates
Esta magnifica peça, estava à venda ate uns 8 anos atrás, aqui, em Salvador.
Foi vendido  para fora do Estado por 12 mil reais. Um comerciante deve ter levado.
Fiquei muito sentido pela perda do acervo do cangaço.
Na época não tinha recursos para adquirir o mesmo. 
Salvador era o local mais perto para as volantes revenderem os achados. E tudo vinha pela via ferroviária. Até as crianças para adoção, que valem mais do que qualquer ouro deste mundo.

Para os amantes da história
Publique-se

Dr Orlins Santana de Oliveira
Membro do Instituto Histórico da Bahia
Membro do Instituto Genealógico da Bahia
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Radiografia do crânio de "Maria Bonita"

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Prezado Rubens O crânio perfeito com leve afundamento do frontal devido ao impacto com o chão. Nota-se um degrau ósseo na superfície acima da órbita.
Os dentes...
Quando acompanhei a perícia, não tinham cáries. A arcada era completa ou é completa. Verifiquei fratura com perda do bordo incisal do segundo incisivo inferior direito.
Ela deve ter sido jogada pelo impacto de um tiro possante, pelas costas. Caindo sobre pedras do solo, ao gritar com a boca aberta. O que se comprova com a não fratura, mesmo pequena, dos incisivos da arcada superior.
O impacto da dor e com a boca aberta ao máximo.
Ela caiu de frente ao chão e sobre o lado direito.
 Deixo legado aos maravilhosos e competentes estudiosos do cangaço.

Dr Orlins Santana de Oliveira
Membro do Instituto Histórico da Bahia
Um dos responsáveis da exumação da cabeça que foi justamente entregue à família e enviada ao amado Sergipe.
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Um anel de "Maria Bonita"

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"Existem, na Bahia, algumas peças de ouro maciço que pertenceram aos cangaceiros.
Muitas delas, não todas, fruto de comércio ou saque.
Nesta imagem, um diamante de mais de 2 quilates, peça do cangaço de uso feminino, que a tradição aponta ter pertencido a Maria Bonita, tendo sido recolhido em Angicos.
O numero é pequeno Aro 14, o que indica dedo pequeno. Atualmente, estimado em 8 mil reais.
Está à venda."

Dr Orlins Santana de Oliveira
Membro do Instituto Histórico da Bahia
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01 agosto 2013

"Uma ventania... Um tropel..."

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Prezado Rubens.

Presenteio ao mundo do cangaço, êste magnífico e único momento.
Quando da exumação das cabeças para o justo envio para suas famílias, retirei um verdadeiro tesouro que foi imediatamente entregue às duas netas presentes. UM CACHO DO CABELO DE MARIA BONITA E UMA MECHA DO CABELO DE LAMPIÃO, para entregar à Expedita, a filha amada do Capitão Virgulino e sua mulher Maria Bonita. Pedi que guardasse nos pés de Nossa Senhora.
Uma forte e sufocante ventania invadiu o cemitério, em plena tarde de sol e calmaria. Após a entrega das mechas de cabelos e dois dentes inferiores do Capitão que, estavam soltos na bandeja. A ventania se foi como um tropel de cavalos. Falei com Vera, a neta. ELES VIERAM E SE FORAM FELIZES. Era a energia sentida. Mal podíamos abrir os olhos.

Para os que acreditam.

Se algum dia no futuro, os cabelos servirem para exames de envenenamento. O material está sob guarda no amado Sergipe.

Existem ainda lá 4 cabeças aguardando os entes queridos.

Dr Orlins Santana de Oliveira
Salvador Bahia
Membro da Sociedade Protetora dos Desvalidos
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