Imagem radiográfica do crânio de Lampeão, exibindo os traumas e fraturas, resultantes das agressões durante o episódio da sua morte em Angicos.
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Imagens gentilmente cedidas por Orlins Santana
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Posição do Dr. Orlins Santana:
"Estudando minuciosamente o angulo de entrada no lado esquerdo do osso frontal do cranio, que é um osso muito compacto e maciço, se vê um túnel de 2 centímetros com angulação de saída que só poderia a vitima estar morta ou deitado sobre o ombro direito. A bala saiu pelo osso parietal direito , na parte superior, explodindo a cúpula calota craniana. Pela radiografia visualiza-se facilmente.
E ainda tem outro orifício circular de entrada no osso temporal esquerdo poucos centímetros acima do ouvido esquerdo. Provocado por arma pequena.Um revólver E está muito circular para a entrada de um craneo esfacelado, indicando quem atirou sabia que o cranio ainda não tinha recebido tiro de fuzil. O osso parietal, é muito fino e desmontado não permite furo circular., de entrada.
Com a palavra todos os peritos do Brasil.
Meus 40 anos como cirurgião dentista e entendido em cranio, informo que ele usava duas proteses roachs de ouro. Uma na arcada superior e uma grande bilateral na arcada inferior. Devem ter sido roubadas após a decapitação.
Atiraram à curta distancia em quem estava deitado dormindo ou já morto, envenenado.
Eles, os soldados. não tinham tamanha coragem para este combate de perto.
O relato à mídia da morte de Lampião, na época, foi falso. E pago com muito ouro e ameaças, ao grupo que atuou em Angicos.
Dr.Orlins Santana de Oliveira
Graduado em Odontologia pela Universidade Federal da Bahia em 1972.
Um dos assinantes do lado pericial da exumação.da cabeça, na catacumba em Salvador.
Responsável pela retirada do crânio de Lampião , do Cemitério da Quinta dos Lázaros e entregue à família , seguindo imediatamente pelas mãos da família para Sergipe.
Laudo já publicado em livro de Vera Ferreira, neta Escritora e pesquisadora do Cangaço"
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A visão deste blog:
O tiro com Lampeão deitado não exclui a possibilidade dele ter recebido este tiro em um segundo momento, após ter recebido algum outro primeiro.
Entretanto, torno pública a manifestação respeitável do Dr. Orlins Santana de Oliveira.
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Como citar
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Blog destinado à preservação da memória do Cangaço na Bahia, em todas as suas dimensões e extensões.
31 julho 2013
20 julho 2013
28 de outubro de 1927, no “A Tarde”:
O COBRA PRETA
mortalmente ferido!
Tiroteio com um destacamento de policia bahiana
A policia bahiana continua activamente em perseguição ao bando do famigerado Lampeão.
Hontem, fomos informados de que havia sido morto o celebre bandido “Cobra Preta”.
Ao passar pela localidade denominada Orocó, em Pernambuco, foi visto pelo destacamento da policia bahiana que marchou logo em sua perseguição.
Travado forte tiroteio, o cangaceiro caiu baleado mortalmente.
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mortalmente ferido!
Tiroteio com um destacamento de policia bahiana
A policia bahiana continua activamente em perseguição ao bando do famigerado Lampeão.
Hontem, fomos informados de que havia sido morto o celebre bandido “Cobra Preta”.
Ao passar pela localidade denominada Orocó, em Pernambuco, foi visto pelo destacamento da policia bahiana que marchou logo em sua perseguição.
Travado forte tiroteio, o cangaceiro caiu baleado mortalmente.
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19 julho 2013
6 de outubro de 1928, no “Diario da Bahia”:
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Lampeão atravez dos sertões bahianos
A policia pernambucana commette depredações
O grupo do bandoleiro está reduzido a seus homens de confiança
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Desde que o famoso bandoleiro Lampeão atravessou as nossas fronteiras, penetrante em territorio bahiano vivem ao seu encalço fortes contingentes, não só da nossa milicia, como da pernambucana, occupando villas, cidades e arraiaes, sem pôr a mão no celebre bandido, constantemente illudindo–lhes a rigorosa vigilancia.
No entanto a prisão de Virgolino está dependendo apenas de uma acção conjuncta entre as duas forças perseguidoras, o que não tem sido possivel realizar–se até hoje, devido á balburdia estabelecida entre os commandos das policias dos dous estados.
A força pernambucana, segundo informações prestadas por pessoa fidedigna, recentemente chegada da zona infestada pelos bandoleiros, não quer sujeitar–se ao commando de officiaes da policia bahiana, d’ali a desorientação que se verifica na perseguição aos criminosos, hoje reduzidos apenas a seis homens, todos cunhados, irmãos e primos de Lampeão, os quaes fizeram um pacto de, onde um morrer, morrem todos.
Em consequencia desta divergencia e falta de disciplinas, a policia pernambucana tem commetido depredações por onde passa, arrancando pela violencia aos pacatos moradores do sertão, informações a respeito da marcha dos bandoleiros.
Segundo ainda o nosso informante, Lampeão esteve a meio kilometro de Rancharia, povoado do municipio de Joazeiro, e por traz das pedras ali existentes, observou que os soldados das policias não só da Bahia, como de Pernambuco, fazendo farra dentro do arraial.
O bandoleiro e seu grupo até hoje, não praticaram nada de anormal em nosso territorio, ao contrario, teem procurado agradar o povo dos logares onde passam, dizendo não pretender fazer mal aos bahianos e, quanto á policia do nosso Estado, apenas deseja causal–a pela alpercata.
As forças perseguidoras, em numero superior a quinhentos homens, se acham distribuidas nos municipios de Monte Santo, Santo Antonio da Gloria, Uáuá, Joazeiro, Curaçá e arraia de Barro Vermelho.
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O sargento Manoel Netto, da policia de Pernambuco, tem–se tornado o terrôr de toda a zona, commettendo desatinos de toda especie.
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Emquanto isto acontece, o famoso bandido mantem–se em territorio bahiano, á vontade e fazendo uma estação de repouso, conforme tem declarado por onde passa distribuindo dinheiro ao povo, bebendo e completamente despreocupado das perseguições da soldadesca da policia.
Ainda n’um desses ultimos dias, disse o nosso informante um facto interessante: um grande destacamento de força policial marchava pela estrada de Santo Antonio da Gloria, a fim de dr caça a Lampeão, que constava achar–se nas proximidades d’aquella villa.
O bandoleiro de dentro da matta observou a passagem da tropa e depois de meia hora, seguiu–lhe na retaguarda, desviando–se, mais adeante e, do caminho seguido.
As populações sertanejas, a semelhança do que aconteceu por occasião da marcha revolucionaria de Luiz Prestes, ficando apavoradas com a approximação das legiões patrioticas, temem do mesmo modo, agora, a presença da força publica, principalmente pernambucana, que é o terrôr d’aquella zona, sob a ameaça de saques e violencias.
Tudo isso nos foi informado por pessoas insuspeitas e que regressaram d’aquella região affirmando–nos mais que Lampeão não será preso porque as forças perseguidoras apenas fazem fita, sem resultados praticos.
Lampeão atravez dos sertões bahianos
A policia pernambucana commette depredações
O grupo do bandoleiro está reduzido a seus homens de confiança
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Desde que o famoso bandoleiro Lampeão atravessou as nossas fronteiras, penetrante em territorio bahiano vivem ao seu encalço fortes contingentes, não só da nossa milicia, como da pernambucana, occupando villas, cidades e arraiaes, sem pôr a mão no celebre bandido, constantemente illudindo–lhes a rigorosa vigilancia.
No entanto a prisão de Virgolino está dependendo apenas de uma acção conjuncta entre as duas forças perseguidoras, o que não tem sido possivel realizar–se até hoje, devido á balburdia estabelecida entre os commandos das policias dos dous estados.
A força pernambucana, segundo informações prestadas por pessoa fidedigna, recentemente chegada da zona infestada pelos bandoleiros, não quer sujeitar–se ao commando de officiaes da policia bahiana, d’ali a desorientação que se verifica na perseguição aos criminosos, hoje reduzidos apenas a seis homens, todos cunhados, irmãos e primos de Lampeão, os quaes fizeram um pacto de, onde um morrer, morrem todos.
Em consequencia desta divergencia e falta de disciplinas, a policia pernambucana tem commetido depredações por onde passa, arrancando pela violencia aos pacatos moradores do sertão, informações a respeito da marcha dos bandoleiros.
Segundo ainda o nosso informante, Lampeão esteve a meio kilometro de Rancharia, povoado do municipio de Joazeiro, e por traz das pedras ali existentes, observou que os soldados das policias não só da Bahia, como de Pernambuco, fazendo farra dentro do arraial.
O bandoleiro e seu grupo até hoje, não praticaram nada de anormal em nosso territorio, ao contrario, teem procurado agradar o povo dos logares onde passam, dizendo não pretender fazer mal aos bahianos e, quanto á policia do nosso Estado, apenas deseja causal–a pela alpercata.
As forças perseguidoras, em numero superior a quinhentos homens, se acham distribuidas nos municipios de Monte Santo, Santo Antonio da Gloria, Uáuá, Joazeiro, Curaçá e arraia de Barro Vermelho.
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O sargento Manoel Netto, da policia de Pernambuco, tem–se tornado o terrôr de toda a zona, commettendo desatinos de toda especie.
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Emquanto isto acontece, o famoso bandido mantem–se em territorio bahiano, á vontade e fazendo uma estação de repouso, conforme tem declarado por onde passa distribuindo dinheiro ao povo, bebendo e completamente despreocupado das perseguições da soldadesca da policia.
Ainda n’um desses ultimos dias, disse o nosso informante um facto interessante: um grande destacamento de força policial marchava pela estrada de Santo Antonio da Gloria, a fim de dr caça a Lampeão, que constava achar–se nas proximidades d’aquella villa.
O bandoleiro de dentro da matta observou a passagem da tropa e depois de meia hora, seguiu–lhe na retaguarda, desviando–se, mais adeante e, do caminho seguido.
As populações sertanejas, a semelhança do que aconteceu por occasião da marcha revolucionaria de Luiz Prestes, ficando apavoradas com a approximação das legiões patrioticas, temem do mesmo modo, agora, a presença da força publica, principalmente pernambucana, que é o terrôr d’aquella zona, sob a ameaça de saques e violencias.
Tudo isso nos foi informado por pessoas insuspeitas e que regressaram d’aquella região affirmando–nos mais que Lampeão não será preso porque as forças perseguidoras apenas fazem fita, sem resultados praticos.
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18 julho 2013
Entrega de Cangaceiros - 1940
Salvo melhor juízo... Identificando:
À frente, à esquerda, Saracura (Benicio Alves dos Santos), tendo atrás sua companheira Flauzina (Flauzina Alves de Lima); A menina à frente de Saracura é Maria Eunice, filha de Flauzina com o cangaceiro “Zezé”, então já falecido.
Centro esquerda Patativa (Antonio Pedro da Silva), tendo atrás Zephinha (Josepha Maria de Jesus).
No centro atrás Deus–te–guie (Domingos Gregorio dos Santos).
Na frente, no centro, Labareda (Ângelo Roque dos Santos), tendo à direita atrás, ao lado de Deus–te– guie, e sua companheira Ozana (Anna da Conceição).
À direita, Jandaia, (Manoel Raymundo da Silva) com Josepha (Josepha Maria da Conceição) atrás, na extrema direita de pé.
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Como citar
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8 de fevereiro de 1994, no “A Tarde”:
Dadá, última musa do cangaço
Sob muitas lágrimas das duas filhas, dos três que teve com Corisco, dezenas de netos e bisnetos, todos chorando convulsivamente, e aplausos de um bom número de admiradores, que acorreram ao Jardim da Saudade, foi sepultado ontem, às 18h10min, o corpo de Sérgia Silva Chagas (Dadá), que morreu, aos 78 anos, na madrugada de ontem, no Hospital São Rafael, vitimada por um câncer generalizado, de acordo com a informação do historiador Carlos Cleber, que, em março próximo, vai relançar o livro “Dadá, a Musa do Cangaço”, da Editora Vozes.
O corpo de Dadá foi velado na capela do Jardim da Saudade, onde o capelão do cemitério, padre Afonso Gomes, celebrou missa de corpo presente. O filho Sílvio Hermano, que mora em Alagoas, não chegou a tempo de assistir ao sepultamento de sua mãe. Entre os admiradores, estiveram no cemitério o jornalista e juiz classista Oleone Coelho Fontes, autor de um livro sobre o cangaço, e a ex–vereadora Geracina Aguiar.
AOS 13 ANOS
Nascida em Belém de São Francisco, Pernambuco, em 1915, e uma das filhas do casal Vicente R. da Silva / Maria R. S. da Silva, Dadá entrou no cangaço aos 13 anos de idade. Numa entrevista que concedeu em 1977, ela contou que Lampião chegara na sua casa, “onde fez uma baderna danada”. Na época, Dadá morava na fazenda Macucuré, entre os municípios de Glória e Paulo Afonso, no interior do estado da Bahia.
De repente, disse Dadá, Lampião chamou Corisco e, em tom de brincadeira, disse para ele: “Como é? Você não quer desmamar esta menina?” Corisco deu uma gargalhada, me pegou no colo, me colocou na sela do seu cavalo e saiu a galope. Depois, lembrou, “foram 12 anos de luta, correndo ou enfrentando a Policia por toda parte”. Sérgia, que ficou conhecida pelo apelido de Dadá, tinha, apenas 13 anos.
MUITO AMOR
Apesar da violência do contato inicial, Dadá sempre falou de Corisco com muita ternura, afirmando: “Nos amamos muito”.
Dadá que teve três filhos com Corisco (Maria do Carmo, Maria Celeste e Sílvio Hermano), todos vivos, também elogiava Lampião, dizendo que ele era um homem bom. “Um homem de palavra, que só falava uma vez e não contava vantagens. Fico triste – confessou – quando vejo escreverem coisas que Lampião nunca fez. Os livros que têm saído sobre o cangaço só apresentam – dizia Sérgia da Silva Chagas – vantagens da Polícia e coisas terríveis que nunca aconteceram.”
OUTRO MARIDO
Dadá assistiu a morte de Corisco, em 1939, numa localidade próxima ao município de Miguel Calmon, varado de balas de metralhadora, mesmo aleijado e já tendo deixado o cangaço. Ela também foi baleada, teve uma das pernas estraçalhadas e amputada posteriormente. Casou–se com um velho pintor de paredes, já falecido, com quem não teve filhos. Criou, no entanto, muitos meninos e meninas, que considerava como seus filhos. Mesmo com uma perna só, Dadá costurava muito, chegando a aposentar–se como costureira. Com sua morte, fecha–se uma das últimas páginas do cangaço no sertão nordestino.
Sob muitas lágrimas das duas filhas, dos três que teve com Corisco, dezenas de netos e bisnetos, todos chorando convulsivamente, e aplausos de um bom número de admiradores, que acorreram ao Jardim da Saudade, foi sepultado ontem, às 18h10min, o corpo de Sérgia Silva Chagas (Dadá), que morreu, aos 78 anos, na madrugada de ontem, no Hospital São Rafael, vitimada por um câncer generalizado, de acordo com a informação do historiador Carlos Cleber, que, em março próximo, vai relançar o livro “Dadá, a Musa do Cangaço”, da Editora Vozes.
O corpo de Dadá foi velado na capela do Jardim da Saudade, onde o capelão do cemitério, padre Afonso Gomes, celebrou missa de corpo presente. O filho Sílvio Hermano, que mora em Alagoas, não chegou a tempo de assistir ao sepultamento de sua mãe. Entre os admiradores, estiveram no cemitério o jornalista e juiz classista Oleone Coelho Fontes, autor de um livro sobre o cangaço, e a ex–vereadora Geracina Aguiar.
AOS 13 ANOS
Nascida em Belém de São Francisco, Pernambuco, em 1915, e uma das filhas do casal Vicente R. da Silva / Maria R. S. da Silva, Dadá entrou no cangaço aos 13 anos de idade. Numa entrevista que concedeu em 1977, ela contou que Lampião chegara na sua casa, “onde fez uma baderna danada”. Na época, Dadá morava na fazenda Macucuré, entre os municípios de Glória e Paulo Afonso, no interior do estado da Bahia.
De repente, disse Dadá, Lampião chamou Corisco e, em tom de brincadeira, disse para ele: “Como é? Você não quer desmamar esta menina?” Corisco deu uma gargalhada, me pegou no colo, me colocou na sela do seu cavalo e saiu a galope. Depois, lembrou, “foram 12 anos de luta, correndo ou enfrentando a Policia por toda parte”. Sérgia, que ficou conhecida pelo apelido de Dadá, tinha, apenas 13 anos.
MUITO AMOR
Apesar da violência do contato inicial, Dadá sempre falou de Corisco com muita ternura, afirmando: “Nos amamos muito”.
Dadá que teve três filhos com Corisco (Maria do Carmo, Maria Celeste e Sílvio Hermano), todos vivos, também elogiava Lampião, dizendo que ele era um homem bom. “Um homem de palavra, que só falava uma vez e não contava vantagens. Fico triste – confessou – quando vejo escreverem coisas que Lampião nunca fez. Os livros que têm saído sobre o cangaço só apresentam – dizia Sérgia da Silva Chagas – vantagens da Polícia e coisas terríveis que nunca aconteceram.”
OUTRO MARIDO
Dadá assistiu a morte de Corisco, em 1939, numa localidade próxima ao município de Miguel Calmon, varado de balas de metralhadora, mesmo aleijado e já tendo deixado o cangaço. Ela também foi baleada, teve uma das pernas estraçalhadas e amputada posteriormente. Casou–se com um velho pintor de paredes, já falecido, com quem não teve filhos. Criou, no entanto, muitos meninos e meninas, que considerava como seus filhos. Mesmo com uma perna só, Dadá costurava muito, chegando a aposentar–se como costureira. Com sua morte, fecha–se uma das últimas páginas do cangaço no sertão nordestino.